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Notícias / Cosme e Damião

Dia de Cosme e Damião: Qual a história da data?

Marcada pela distribuições de doces e guloseimas como maria mole, suspiro e doce de abóbora, a festa de Cosme e Damião é um símbolo nacional

Redação Publicado em 26/09/2024, às 08h00

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Representação de Cosme e Damião datada do início do século 16 - Wikimedia Commons via Domínio Público
Representação de Cosme e Damião datada do início do século 16 - Wikimedia Commons via Domínio Público

Marcada pela distribuição de doces e guloseimas como maria mole, suspiro, doce de abóbora e batata-doce, a festa de Cosme e Damião é um símbolo nacional. A devoção aos santos, que atravessou séculos e perdura até hoje, é celebrada em duas datas no Brasil

No dia 26 de setembro, a festa é comemorada oficialmente na tradição católica, enquanto no dia 27, muitos grupos, especialmente nas comunidades afro-brasileiras, realizam suas próprias celebrações, que podem incluir elementos sincréticos, como a mistura de tradições católicas com as crenças africanas.

Isso porque, durante o período de escravidão no Brasil, os negros eram proibidos de cultuar seus orixás. Para preservar suas tradições, adaptaram as práticas católicas, utilizando a figura dos santos para continuar sua devoção sem chamar atenção. Cosme e Damião, na perspectiva das religiões afro-brasileiras, são associados aos filhos gêmeos de Iansã e Xangô, conhecidos como Ibejis, que simbolizam a infância.

História

Cosme e Damião ganharam destaque no cristianismo primitivo por suas ações caridosas como médicos que não cobravam por seus serviços. Embora a documentação histórica seja escassa, a tradição cristã os coloca como mártires, mortos durante as perseguições romanas aos cristãos entre os séculos 1 e 3, explicou o escritor e teólogo J. Alves, autor do livro 'Os Santos de Cada Dia', à BBC News Brasil.

A veneração a ambos começou a partir do século 4, com o registro de suas curas milagrosas. Os relatos indicam que eles nasceram na região da atual Turquia ou Síria e, além de praticarem a medicina, evangelizavam aqueles que tratavam.

Segundo Alves, a fama crescente teria incomodado as autoridades locais, resultando em sua execução por ordens do imperador Diocleciano, por volta do ano 300. Acredita-se que Cosme e Damião sobreviveram a várias tentativas de execução, sendo finalmente decapitados.

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São Cosme e São Damião em pinturas de Bartolomeo Vivarini, datadas do século 15 / Créditos: Wikimedia Commons via Domínio Público

A devoção a eles se espalhou ao longo dos séculos, incluindo a construção de uma basílica no século 4 dedicada à dupla em Roma. Eles são classificados como "santos anárgiros", ou seja, aqueles que negavam o dinheiro e praticavam sua arte sem remuneração, destacou o vaticanista Filipe Domingues à BBC.

Cosme e Damião também estão ligados a várias narrativas de milagres, incluindo o famoso transplante de uma perna, que teria ocorrido após a morte dos santos ou em vida, dependendo da versão.

Já a tradição de distribuir doces, especialmente nas religiões de matriz africana, está ligada à crença de que os santos captam energias positivas e as transmitem para lares e terreiros, protegendo principalmente as crianças, ressaltou o historiador Felipe Belém ao g1.

Assim, acredita-se que, historicamente, os irmãos gêmeos usavam doces para ganhar a confiança dos pequenos pacientes, prática mantida ao longo dos séculos e se fortaleceu no Brasil.