Em cartaz no Unibes Cultural, em São Paulo, exposição 'Anne Frank: Deixem-nos Ser' apresenta reprodução do Anexo Secreto e debate temas contemporâneos
Com a perseguição contra judeus na Segunda Guerra Mundial, a última alternativa da família Frank foi se esconder no Anexo Secreto — nome dado ao esconderijo que ficava na fábrica de Otto, em Amsterdã.
No espaço, os Frank ainda abrigam a família Van Pels e Fritz Pfeffer. Eles passaram 761 dias no Anexo Secreto até serem capturados pelo Sicherheitsdienst (Serviço de Segurança) na manhã de 4 de agosto de 1944.
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Os registros da moradora mais famosa do esconderijo, Anne Frank, se tornaram um dos relatos mais tocantes de uma das vítimas do Holocausto. O Diário de Anne Frank virou best-seller pelo mundo ao retratar o olhar inocente de uma menina que tinha apenas 15 anos quanto teve sua vida ceifada pelos horrores dos nazistas.
Desde o início de agosto, o Unibes Cultural, em São Paulo, recebe a exposição 'Anne Frank: Deixem-nos Ser', que resgata a memória da menina judia. A equipe do site Aventuras na História já visitou a mostra e apresenta 5 motivos para você também conferir.
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A exposição, que marca os 80 anos após o último registro de Anne em seu diário, no dia 1º de agosto de 1944, estará disponível até o dia 22 de dezembro deste ano. Dividida em dois andares, o primeiro deles apresenta uma reprodução fiel dos diferentes cômodos do Anexo Secreto.
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Esta é a primeira vez que o Brasil recebe uma mostra imersiva que busca transmitir ao visitante o que foi relatado no livro por Anne.
Além da reprodução do Anexo Secreto, usando itens como bicicleta, escova de cabelo e roupa de cama (objetos pessoais mencionados em passagens dos relatos de Anne), a mostra também exibe a estrela amarela original que Anne Frank foi obrigada a usar.
Contextualizando o momento histórico e a vida de Anne, cada um dos espaços apresenta a reprodução, em áudio, de trechos de "O Diário de Anne Frank". O material exibido na mostra foram fornecidos pela Anne Frank House, de Amsterdã.
'Anne Frank: Deixem-nos Ser' visa não apenas recordar o legado de uma das vítimas mais famosas do Holocausto, mas também traça um paralelo com o presente e com as pessoas que ainda sofrem as mais diversas formas de intolerância; sejam em questões de diversidade, Direitos Humanos, questões indígenas, de gênero e raciais.
O segundo andar da exposição, estabelecendo um diálogo com temas contemporâneos sensíveis, apresenta obras de relevantes artistas nacionais e internacionais — expondo suas lutas no mundo atual.
O título da exposição foi tirado de um trecho escrito por Anne, que diz: "Deixe-me ser eu mesma e estarei satisfeita". Assim, 'Deixem-nos Ser' traz a pluralização das lutas, mostrando que embora Anne Frank seja uma só, ela se tornou a representação de muitas delas.
Anne e o Diário dão o tom da mostra, que também chama a atenção por outros cenários, como a representação da queima dos livros na Alemanha nazista ou as diversas frases expostas ao decorrer da exposição:
"O oposto do amor não é o ódio, é a indiferença. O oposto da arte não é a fealdade, é a indiferença. O oposto da fé não é a heresia, é a indiferença; E o oposto da vida não é a morte, é a indiferença".
A frase foi escrita por Elie Wiesel, escritor judeu que nasceu na Romênia e foi um dos sobreviventes do Holocausto. Vencedor do Prêmio Nobel da Paz, Wiesel foi presidente-fundador do Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos e dedicou sua vida à lutar contra o racismo e o antissemitismo.
'Anne Frank: Deixem-nos Ser' tem curadoria liderada por Carlos Reiss (coordenador-geral do Museu do Holocausto de Curitiba) e Eduardo Duíque (curador de artes). A exposição ainda conta com um programa educativo personalizado para cada faixa etária, com metodologia única desenvolvida pela Inspirar-te para proporcionar uma experiência criativa e única.