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Matérias / Irmãos Menendez

Irmãos Menendez: A história por trás do livro que manchou Lyle e Erik

Após ser acusado do assassinato dos pais, Lyle Menendez começou amizade improvável, a quem revelou detalhes de sua vida

Fabio Previdelli
por Fabio Previdelli
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Publicado em 25/09/2024, às 20h00 - Atualizado em 30/09/2024, às 19h06

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Erik e Lyle Menendez (à esqu.) e o livro (à dir.) - Getty Images e Divulgação
Erik e Lyle Menendez (à esqu.) e o livro (à dir.) - Getty Images e Divulgação

Erik e Lyle Menendez foram presos em março de 1990 e, posteriormente, condenados à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional por assassinarem seus pais, Jose e Kitty, em agosto de 1989. O crime brutal é tema da série 'Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais', atualmente a mais assistida da Netflix

+ Irmãos Menendez: Como é a história real por trás da série da Netflix;

Na trágica noite de 20 de agosto de 1989, José e Kitty Menendez estavam assistindo televisão na sala de estar da mansão da família, em Beverly Hills, quando seus filhos entraram e atiraram 15 vezes contra eles.

No começo, as autoridades teorizaram que a máfia estava por trás dos homicídios — visto que José era figura influente no meio musical. Mas um fato que logo chamou a atenção foi que, nas semanas seguintes às mortes, Erik e Lyle passaram a gastar o dinheiro da família de forma desenfreada. O Distractify repercute que os irmãos torraram cerca de 700 mil dólares na época

Mas, um ponto que mudou tudo foi a revelação do terapeuta de Erik e Lyle, visto que os irmãos confessaram o crime durante uma sessão de terapia. Após serem detidos, os irmãos Menendez passaram três anos na prisão do Condado de Los Angeles para homens. 

Em um primeiro momento, eles foram mantidos no mesmo bloco carcerário, mas tudo mudou após os agentes penitenciários suspeitarem que eles teriam armando um plano de fuga. 

Separados, Lyle começou uma amizade telefônica com uma mulher que, posteriormente, lucrou com as gravações do bate-papo, como mostra a série da Netflix. Mas o que foi revelado? Entenda como a publicação de um livro influenciou no andamento do caso Menendez!

Amizade improvável

Então, com 21 anos, Lyle Menendez começou uma amizade improvável no período inicial de sua detenção. Naquela época, uma mulher chamada Norma Novelli, de 55, costumava enviar para as prisões um boletim informativo, produzido por ela, chamado Minds Eye. 

Foi através do informativo que Lyle conheceu seu trabalho e lhe enviou uma carta em resposta a um de seus artigos. Logo, a troca de correspondência entre os dois passou a ser constante — apenas dois meses após a prisão do irmão Menendez

Erik e Lyle Menendez / Crédito: Getty Images

Com o passar do tempo, a relação se desenvolveu, com Novelli começando a visitá-lo até quatro dias numa única semana. Norma havia se tornado um tipo de assistente pessoal de Menendez, sempre levando coisas que ele precisava: sapatos, livros, revistas e, principalmente, moedas de dez centavos — usadas para fazer ligações telefônicas. 

Como parte natural entre os assuntos conversados por eles, Norma sugeriu a publicação de um livro. Lyle se animou com a possibilidade, aponta o Distractify, alegando que poderia até mesmo fazer uma turnê para divulgar a obra, caso fosse absolvido. 

Assim, eles decidiram seguir adiante com o projeto (em um testemunho posterior, a mulher relatou que sua intenção com o livro era mostrar o outro lado da vida de Lyle) e Norma passou a tomar notas em todas as ligações que faziam. 

Como o processo se tornou muito cansativo para ela, ela pediu autorização ao irmão Menendez para gravar as conversas. Com o consentimento de Lyle, começou a fazê-lo em 1991 — apesar de, no livro, ela ter dito que as gravações começaram no outono do ano seguinte. 

As complicações no julgamento

Além de oferecer uma versão que poucos conheciam de Lyle Menendez, Norma queria mostrar em seu livro percepções de como era a vida atrás das grades do mais velho dos irmãos Menendez

A obra ganhou o título de 'The Private Diary of Lyle Menendez: In His Own Words' (ou 'O Diário Privado de Lyle Menendez: em suas próprias palavras', em tradução livre) e apresentava histórias da prisão, como quando Lyle adotou um rato que apelidou de Buffy ou como ele celebrou por conseguir se livras das baratas em sua cela. 

Capa do livro e foto de Lyle Menendez - Divulgação e Getty Images

Lyle também divagava sobre sua vida pessoal e questões particulares, como o que ele desejava em uma esposa: "Eu gostaria que uma mulher fosse uma boa cozinheira, uma prostitut* na cama, não muito independente e me esperando quando eu chegasse em casa".

Mas, por outro lado, a obra também forneceu munição usada pela acusação durante o julgamento de Lyle e Erik. Um exemplo disso é a vez que Lyle festejou por vencer o promotor Gil Garcetti, dizendo que ele "levou uma surra". Menendez também mencionou inventar coisas sobre Dr. Jerome Oziel, o terapeuta a quem Erik confessou os crimes. 

As conversas entre Norma e Lyle foram gravadas entre 1991 e 1994 e, posteriormente, foram vendidas para a Dove Books por 12.500 dólares, conforme o Los Angeles Times. 

Mas, foi Lyle Menendez quem pagou o preço mais alto disso tudo. Afinal, a obra afetou diretamente sua credibilidade e apesar do primeiro julgamento ter sido anulado, ele não testemunhou no novo julgamento

Leslie Abramson, advogada de Erik Menendez, disse mais tarde que Novelli era quem não era realmente confiável. 

A advogada argumentou que o livro afirmava conter "evidências explosivas" sobre os irmãos. "Se isso fosse realmente explosivo, você acha que eles pagariam apenas 12.500 dólares por elas?", questionou.

Todos os episódios de "Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais" podem ser assistidos na plataforma de streaming Netflix.