Do uso drogas aos relatos de abuso sexual contra empresário, bastidores do grupo latino-americano são estarrecedores e envolve até mesmo o caso Menendez
Publicado em 28/09/2024, às 10h00 - Atualizado em 01/10/2024, às 21h53
Entre as décadas de 1970 e 1990, o Menudo fez um sucesso avassalador. Ao longo de mais de 20 anos, o grupo musical latino-americano teve mais de 30 integrantes em suas formações — sendo Ricky Martin um dos mais famosos entre eles.
Mas, os jovens não experimentaram apenas fama e prestígio ao longo dos anos. Eles também foram vítimas. No documentário 'Menudo: Sempre Jovens' (disponível na MAX), os ex-integrantes fizeram revelações perturbadoras.
Confira abaixo o que foi relatado pelos ex-Menudos no documentário da MAX e saiba qual a relação deles com o conturbado caso dos 'Irmãos Menendez', que recentemente ganhou uma série na Netflix.
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Em 2022, a plataforma de streaming Max lançou o chocante documentário 'Menudo: Sempre Jovens', que narra a criação do grupo musical idealizado por Edgardo Diáz. O produtor já tinha experiência ao trabalhar por anos com o grupo La Pandilla. Formado por crianças, o conjunto se separou após seus integrantes crescerem e não serem mais atrativos, comercialmente falando.
Mas Diáz pensou no projeto Menudo, em Porto Rico, de uma forma que isso não acontecesse: com isso, sempre que um integrante completasse 16 anos, ele era substituído por outro mais jovem. Assim o ciclo se repetia e o grupo se tornava 'sustentável'.
Como mostrado no documentário, apesar do Menudo ser um sucesso, os bastidores eram muito mais conturbados do que muitos imaginam, visto que Edgardo não só era rígido demais, como também não remunerava honestamente os cantores.
Desde a segunda formação do grupo, os músicos recebiam um salário para cada aparição em cima dos palcos, embora eles também batessem recordes em vendas de discos, participassem de comerciais e eram responsáveis por diversos outros meios de lucros.
Em 1991, a primeira denúncia contra Edgardo Diáz ocorreu através dos relatos de Ralphy Rodriguez que, em diversas entrevistas, relatou que o produtor batia nos cantores caso eles não cumprissem suas vontades.
Com a repercussão na época, quatro membros ativos da boy band decidiram abandonar o projeto, corroborando com os relatos de Ralphy. Eles ainda disseram que Diáz não respeitava os contratos, tinha um comportamento detestável e promovia um ambiente cheio de predadores sexuais.
Uma acusação mais pesada foi feita pelo fotojornalista Bollivar Arellano, que relatou que os rapazes foram abusados e usavam drogas, repercute o LA Times. No entanto, o fotojornalista acabou sendo preso por difamação.
Um ano antes da bombástica entrevista de Ralphy Rodriguez, dois membros do Menudo foram detidos no aeroporto de Miami. Na ocasião, Sergio Blass e Rubén Gomez foram flagrados com drogas e acabaram expulsos por Edgardo, que alegou que eles estavam manchando o legado do grupo musical.
No documentário da MAX, Sergio revelou que começou com o uso de drogas após sofrer abuso emocional de Diáz quando chegou na puberdade. Blass contou que perdeu espaço no grupo e era maltratado pelo produtor. Assim, passou a descontar sua raiva usando substâncias ilícitas.
Edgardo Diáz fez das acusações um espetáculo midiático. Quando Ralphy o acusou publicamente durante entrevista ao programa norte-americano “El show de Cristina”, ele apareceu ao vivo para rebater as acusações e também apresentar os novos integrantes do Menudo — que tinha acabado de perder quatro integrantes.
Na ocasião, Diáz fez a apresentadora entrevistar uma das mães de um dos novos meninos e, ao público, ela afirmou que confiava cegamente na índole do empresário. Anos depois, porém, a mãe de Ash Ruiz reconheceu que Rodriguez estava certo; apontando que seu filho não havia lhe contado tudo o que sofreu no seu período na boy band.
Outro forte denunciante dos abusos que sofreu quando criança é Roy Rosselló que, em 2014, denunciou ter sido estuprado por Edgardo Diáz quando passou a fazer parte do Menudo. Ele ingressou no grupo em 1983, quando tinha apenas 13 anos.
Mas acusações de Roy não se resumem apenas contra Edgardo. Ainda em 1983, o Menudo assinou contrato com a RCA Records — que cuidava de grupos como Duran Duran e The Eurythmics.
Naquela época, Jose Menéndez era diretor de operações da RCA Records, sendo responsável por expandir o gênero latino dentro da gravadora e contratar novos grupos. No documentário 'Menendez + Menudo: Boys Betrayed', da Peacock, Rosselló afirma que também foi molestado por Jose, após ter sido levado para a casa do diretor por Diáz, onde foi drogado e abusado.
"Esse aqui é o homem", disse Roy apontando para uma foto de Jose Menendez posando com Menudo depois que o grupo assinou com a RCA em 1983. "Esse cara… esse é o pedófilo".
Ainda ao documentário, Erik Menendez se pronunciou, dizendo lembrar de Roy com seu pai, em sua casa, quando era criança. "Meu pai era um dos caras que estava escolhendo e selecionando os novos integrantes do grupo".
"Me lembro especificamente dele pegar uma das crianças e sair e dizer que queria falar com ela a sós. E eles foram para o quarto lá em cima", finalizou.