Membros do QAnon estiveram presentes na invasão ao Capitólio de 2021; entenda o movimento!
Na noite da última segunda-feira, 12, o bilionário e dono do Twitter Elon Musk foi protagonista de uma grande polêmica envolvendo publicação em sua rede social. Nela, era possível ler apenas a palavra "follow" ("siga", em inglês), acompanhada por um emoji de um coelho.
A polêmica se deve pelo fato de o símbolo do animal é associado ao grupo de extrema-direita QAnon, sendo adotado por eles. Conhecido por disseminar incontáveis teorias conspiratórias, como a de que o ex-presidente norte-americado Donald Trump travava uma guerra secreta contra uma rede global de exploração sexual infantil, o grupo também marcou presença na invasão do Capitólio, em janeiro de 2021.
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— Elon Musk (@elonmusk) December 13, 2022
Confira a seguir o que é e qual a origem do QAnon, grupo de extrema-direita que apoia Donald Trump nos Estados Unidos.
Embora seja conhecido como um grupo de extrema-direita apoiador de Donald Trump, o QAnon surgiu, na verdade, como uma teoria ampla e que foi extremamente difundida pelas mídias conspiracionistas desde sua criação. Segundo os ideais do movimento, o ex-presidente dos Estados Unidos travava uma guerra secreta contra "pedófilos e adoradores de Satanás" que compunham grandes nomes do governo, do setor empresarial e da imprensa, segundo a BBC.
No entanto, embora a premissa básica do QAnon seja apenas essa, a teoria se difundiu pelos meios de comunicação conspiracionistas, conservadores e pró-Trump, de forma que passou por diversos desdobramentos, sendo agora um grupo que faz uma série de afirmações conspiratórias e, muitas vezes, contraditórias.
Toda a história por trás do surgimento do QAnon se inicia em outubro de 2017, dentro da maior ferramenta para disseminação de notícias falsas e teorias conspiratórias já criada: a internet. Na época, um usuário do 4chan identificado apenas como 'Q' se apresentou como alguém que possuía um certo nível de aprovação de segurança dos Estados Unidos, que era conhecido, teoricamente, como 'autorização Q'.
Na rede social, o internauta fez uma série de postagens — que vieram a ser conhecidas como 'Q drops' ou 'breadcrumbs' —, muitas vezes utilizando de uma linguagem enigmática, mas sempre contendo slogans e promessas contados na época por Donald Trump, além de apresentar alguns dos temas que ele pautava em seus eventos públicos de propaganda política.
Com uma velocidade assustadora, as teorias se espalharam pela internet e se tornou um dos assuntos mais comentados em diversas redes sociais, como Facebook, Twitter, Reddit e YouTube, segundo informações da BBC News. No entanto, como os conteúdos propagados muitas vezes eram falsos, as grandes empresas de mídia removeram vários deles da internet — mas nesse ponto, já era tarde demais.
Os primeiros 'Q drops' focavam especialmente na investigação do procurador especial Robert Mueller, que teoricamente fazia uma investigação sobre a interferência russa nas eleições de 2016 nos EUA, mas o trabalho servia para, na verdade, acobertar uma complexa investigação sobre redes globais de pedofilia e exploração sexual infantil. Porém, eventualmente as histórias terminaram sem nenhuma revelação bombástica que os conspiracionistas esperavam, e por isso a atenção se voltou para outros aspectos.
Hoje, depois de anos com as teorias conspiracionistas se fortalecendo e com seus adeptos aumentando em número e se tornando um grupo cada vez mais fechado e radical, o grupo já se mostra consideravelmente mais perigoso que em seus primórdios.
Os apoiadores do QAnon impulsionam hashtags e coordenam ataques, as vezes não somente virtuais, àqueles que consideram 'inimigos' — políticos, celebridades e jornalistas opositores à Trump que, na verdade, os conspiracionistas acreditavam encobrir pedófilos.
Um dos slogans utilizados pelo QAnon é, em português, "para onde vamos, vamos todos", escrito até mesmo em uma bandeira do movimento. Com isso, pode-se notar não somente o crescimento do movimento, mas a forma como seus adeptos criam um sentimento mútuo de identificação que corrobora na violência contra aqueles que se opõem.