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Templo encontrado submerso na Itália é analisado por arqueólogos

No ano passado, arqueólogos encontraram um templo nabateu no fundo do mar de Pozzuoli, no sul da Itália; confira detalhes

Redação Publicado em 16/09/2024, às 12h30 - Atualizado em 18/09/2024, às 19h11

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Registros do templo submerso encontrado na Itália - M. Stefanile et al., Antiquity.
Registros do templo submerso encontrado na Itália - M. Stefanile et al., Antiquity.

Em 2023, arqueólogos que realizavam um levantamento subaquático no antigo porto romano de Puteoli, atualmente conhecido como Pozzuoli, na Itália, encontraram os restos submersos de um templo Nabateu. Esta descoberta representa o primeiro templo conhecido dessa antiga civilização árabe já identificado fora de seus territórios tradicionais.

Puteoli, estabelecida como colônia grega sob o nome de Dicaearchia no século VI a.C., foi posteriormente anexada por Roma. A cidade portuária emergiu como um importante centro comercial, servindo como porta de entrada para mercadorias de todo o mundo romano, especialmente carregamentos de grãos provenientes de Alexandria.

Mas, ao longo dos séculos, a atividade vulcânica ativa da região levou ao afundamento do solo, causando a submersão de partes de Puteoli, incluindo o templo Nabateu.

O templo, datado do auge das relações Nabateu-Romanas entre os reinados de Augusto (31 a.C. - 14 d.C.) e Trajano (98 - 117 d.C.), foi provavelmente construído durante um período de riqueza e independência nabateia. Os Nabateus controlavam rotas comerciais lucrativas, transportando bens de luxo do Oceano Índico através de caravanas pelo deserto até o Mediterrâneo. Puteoli, como um porto chave, provavelmente viu um fluxo constante dessas mercadorias, reforçando a importância da comunidade nabateia ali presente.

O templo

Pesquisadores identificaram que o templo consistia em duas salas, designadas por eles como Sala A e Sala B. 

Na Sala A, foram encontrados dois altares de mármore branco. O altar maior possui oito cavidades retangulares, que se acredita terem abrigado pedras sagradas usadas no culto nabateu.

Uma das lajes de mármore apresenta a inscrição latina "Dusari sacrum", dedicando o templo a Dushara, a principal divindade do panteão nabateu. Esta inscrição, com a construção em estilo romano, reflete a integração dos mercadores nabateus no mundo romano enquanto mantinham elementos de sua identidade cultural e religiosa.

De acordo com os autores do estudo: "A existência de um santuário nabateu dentro da área portuária confirma que havia uma comunidade daquela região participando das atividades comerciais em Puteoli."

A localização do templo num bairro associado a mercadores estrangeiros, reforça essa conexão. Sua entrada voltada para o norte estava provavelmente ligada às rotas comerciais internas dentro do movimentado distrito portuário.

Os pesquisadores propõem que o templo possa ter sido uma estrutura ao ar livre, típica dos locais de culto nabateus, embora a configuração exata do telhado permaneça incerta.

Declínio 

O declínio da presença nabateia em Puteoli está relacionado à anexação da Nabateia pelo Império Romano em 106 d.C., quando o Imperador Trajano criou a província da Arábia Petreia. Este evento marcou o fim da independência nabateia e a integração de suas rotas comerciais na rede romana, levando a um declínio em sua influência.

No início do século II d.C., o templo foi preenchido com concreto e selado, uma prática comum em Roma. Em vez de desmontar ou destruir o templo, ele foi simplesmente coberto e uma nova superfície foi construída acima dele.

Artefatos encontrados na estratigrafia, incluindo ânforas, sugerem que o templo foi abandonado logo após a criação da província romana da Arábia. Este evento marcou o fim da comunidade nabateia em Puteoli, encerrando um capítulo de intercâmbio cultural entre os Nabateus e os Romanos.