Em destaque na plataforma de streaming Netflix, O Trem Italiano da Felicidade se passa no ano de 1946 e emociona os assinantes
Publicado em 10/12/2024, às 15h00 - Atualizado em 11/12/2024, às 07h10
Em destaque no catálogo da plataforma de streaming Netflix, o filme "O Trem Italiano da Felicidade", dirigido por Cristina Comencini, chamou atenção dos assinantes brasileiros recentemente.
O longa-metragem compreende uma adaptação do livro de Viola Ardone de mesmo nome, que leva os espectadores para a Itália no pós-Segunda Guerra.
A história retrata Amerigo Speranza, um garoto que vive em Nápoles cuja vida muda do avesso quando é enviado para o norte da Itália após a Segunda Guerra. A iniciativa é parte de um programa que visa dar uma nova oportunidade às crianças do sul do país.
"Itália, 1946. Uma mãe envia o filho até o norte do país para viver com uma mulher rica", destaca a sinopse da Netflix.
No X, antigo Twitter, a estreia chama atenção: "Assistam o trem italiano da felicidade filme novo na Netflix, a história é muito linda e triste ao mesmo tempo, mas vale muito a pena", escreveu uma internauta. "Fui inventar de ver o filme que tá uns dias no top10 de filmes da Netflix né 'O trem italiano da felicidade' que filme lindo, mas triste ao mesmo tempo", opinou outra conta.
Com uma história emocionante que se passa num período histórico que ainda gera debate e conscientização, muitos podem se perguntar se existe uma história real por trás de "O Trem Italiano da Felicidade".
Amerigo é fruto da ficção, no entanto, a obra se inspira na história real dos "Treni della felicità" ("Trens da Felicidade"). Entre os anos 1945 e 1952, inúmeras crianças das regiões mais carentes do sul da Itália foram levadas para o norte em busca de um futuro melhor.
"As famílias anfitriãs não eram ricas, ainda estamos falando do período pós-guerra e a pobreza em Itália era gritante por todo o lado. Contudo, onde duas crianças podiam ser alimentadas, quatro também podiam ser alimentadas, para que a família de origem pudesse sustentar as crianças mais novas e recuperar dos desastres da guerra", explicou Giovanni Rinaldi autor de "I treni della felicità. Storie di bambini in viaggio tra due Italie" ("Os trens da felicidade. Histórias de crianças viajando entre duas Itálias"), em entrevista de 2014 ao site Barinedita.
Visando tirar os pequenos da situação de pobreza, escassez de comida e falta de oportunidades no sul, a ideia é que as crianças recebessem acolhimento de famílias favorecidas no norte, capazes de oferecer melhores condições de vida e estadia.
"Há quem diga que comeu, no Norte, carne pela primeira vez na vida. Que tinha pavor daquela viagem, que poderia durar até 36 horas e temia virar 'alimento para os comunistas'. Que não queriam se separar da irmã ou do irmão mais novo e por isso os dois acabaram sendo levados pela mesma família. Em suma, um recorte da Itália do pós-guerra que quase perdemos, mas que, graças aos testemunhos de quem viveu aqueles dias, podemos continuar a contar hoje", continuou o escritor.
Como repercutido pelo Sportskeeda, aproximadamente 70 mil crianças receberam novas oportunidades no Norte da Itália. Já a ideia de ajudar as famílias em questão partiu do Partido Comunista Italiano e a União das Mulheres Italianas (Unione Donne Italiane).
Rinaldi, que entrevistou 15 crianças para sua obra, também explicou ao veículo que grande parte das crianças retornou para os lares de origem, entretanto, ainda trocavam cartas com as famílias que os receberam.
"A grande maioria voltou para casa. Muitos, porém, continuaram a manter relações com as famílias anfitriãs, através de cartas e depois de anos regressaram aos locais onde foram acolhidos. Após a publicação do livro, várias pessoas me procuraram em busca de ajuda: queriam encontrar as famílias que cuidavam deles e com quem haviam perdido contato", explicou o autor.
Embora ficcional, o longa-metragem se baseia num fato histórico verdadeiro que ainda gera reflexões na Itália anos após os momentos turbulentos da Segunda Guerra.