Criador de "O Auto da Compadecida" e um dos grandes disseminadores da cultura pernambucana, o artista brasileiro deixou um imenso legado
Ariano Suassuna foi um dramaturgo, poeta e romancista brasileiro que deixou para trás um legado cultural que impactou enormemente a literatura e dramaturgia nacional, frequentemente usando elementos do folclore nordestino para compor suas obras.
Sua criação mais famosa é a peça “O Auto da Compadecida”, que também foi adaptada para o audiovisual em um filme dos anos 2000. Outro trabalho influente seu é o “Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta”, que explicita as habilidades literárias do autor.
Em 1970, um ano antes de publicar seu aclamado romance “D’a Pedra do Reino”, Suassuna fundou o Movimento Armorial, um projeto artístico que tinha por objetivo criar arte erudita usando como matéria-prima aspectos emprestados da cultura popular encontrada na região Nordeste do país.
Outra grande iniciativa do artista foi justamente a criação das chamadas Aulas Espetáculo, que ele desenvolveu ao se tornar o secretário estadual da Cultura no estado de Pernambuco. Era apenas o primeiro de uma série de cargos públicos em que o intelectual teve oportunidade de aumentar seu legado. As informações foram documentadas pelo site Ebiografia.
Durante a execução do projeto governamental das Aulas Espetáculo, Ariano buscava difundir a cultura pernambucana aos jovens nascidos na região, que por vezes já não tinham mais tanto contato com as lendas e visões de mundo de sua terra; e eventualmente também passou a ser convidado a performar suas aulas em outras partes do Brasil.
"No Sertão do Nordeste a morte tem nome, chama-se Caetana. Se ela está pensando em me levar, não pense que vai ser fácil, não. Ela vai suar! Se vier com essas besteirinhas de infarto e aneurisma no cérebro, isso eu tiro de letra", comentou Suassuna em dezembro de 2013, quando, a despeito de ter lidado recentemente com problemas de saúde, voltou a fazer suas Aulas Espetáculo, segundo repercutido pelo G1.
Ele faleceu em julho de 2014 em um hospital de Recife, no Pernambuco, devido a uma parada cardíaca. Apenas dois dias antes, Suassuna fora submetido a uma cirurgia após sofrer um AVC hemorrágico.
O lendário artista paraibano, que foi muito ativo até o fim da vida, tinha então 87 anos de idade. Em uma matéria da época publicada pelo Correio Braziliense, o escritor Ronaldo Correia de Brito relembrou como foi seu último encontro com o célebre intelectual.
“Ariano vinha de uma jornada de aulas pelo seco sertão de Pernambuco e caiu, quando tropeçou numas cadeiras. Perguntei por que ele não se aquietava, pois já não precisa viajar tanto, o que é sempre um sacrifício. E ele falou que prefere morrer na estrada a viver esquecido dentro de casa. Uma escolha de homem valente”, contou ele.
O velório do aclamado escritor, que aconteceu em Recife, reuniu uma grande quantidade de amigos, familiares e também fãs de seu trabalho.