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Matérias / Grande Adria

Conheça Grande Adria, continente perdido há mais de 100 milhões de anos

No passado, a organização e disposição dos países e continentes de nosso planeta pode ter sido bastante diferente de como conhecemos; confira!

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 08/09/2024, às 10h00

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Mapa abstrato da área da Grande Adria - Licença Creative Commons via Wikimedia Commons
Mapa abstrato da área da Grande Adria - Licença Creative Commons via Wikimedia Commons

Hoje, temos uma noção clara sobre a disposição dos países e continentes pelo globo terrestre. Separamos o mundo em África, América, Antártida, Ásia, Europa, Oceania, e até mesmo conhecemos os "supercontinentes" ancestrais, como a Pangeia e Gondwana.

Porém, o campo da geologia continua repleto de mistérios, e ainda há lacunas que precisam ser preenchidas sobre as formações continentais de nosso planeta ao longo da História. E, foi somente há menos de uma década, em 2019, que pesquisadores europeus conseguiram reconstruir a história de um antigo continente perdido que, hoje, possui vestígios em mais de 30 países: a Grande Adria.

Segundo a BBC, durante décadas pesquisadores analisaram rochas de uma vasta região que se estende da Espanha ao Irã, buscando pistas da Grande Adria. E, pouco a pouco, finalmente conseguiram compreender com mais detalhes o que aconteceu com o continente perdido. Entenda!

Mapa cedido no estudo representando a disposição do continente da Grande Adria / Crédito: Divulgação/Douwe van Hinsbergen

Continente desordenado

A partir da análise das rochas, os pesquisadores identificaram a idade e a direção dos campos magnéticos presentes. Porém, fato de as rochas estarem muito espalhadas representou um obstáculo para o estudo.

"A região do Mediterrâneo é simplesmente uma desordem, do ponto de vista geológico. Tudo está curvado, fraturado e empilhado", explicou Douwe van Hinsbergen, pesquisador e geólogo da Universidade de Utrecht, na Holanda, à BBC.

Vale mencionar que a massa terrestre da Grande Adria já foi detectada no passado a partir de ondas sísmicas, embora um estudo de seus vestígios e a reconstrução de sua história ainda fosse praticamente impossível.

O que há de visível do antigo continente são restos de calcário e outros tipos de rocha em montanhas pela Europa. Já a maior parte do continente está praticamente "enterrada" no sul da Europa.

A maioria das cadeias de montanhas que estudamos se originou em um único continente que se separou do norte da África há mais de 200 milhões de anos", comenta van Hinsbergen.

Outra parte do continente se encontra em uma faixa que se estende de Turim, na Itália, até o calcanhar da famosa "bota" do território italiano, atravessando o Mar Adriático. Essa área, por sua vez, é conhecia por geólogos como "Adria", por isso o nome "Grande Adria" atribuído ao antigo continente perdido.

Colisão

Segundo o pesquisador holandês, ele descobriu que a Grande Adria possui uma história "violenta" e complicada. O continente teria se separado de Gondwana (que consistia no que hoje é a América do Sul, África, Austrália, Antártica, parte do subcontinente indiano e da Península Arábica) há cerca de 240 milhões de anos e, com sua massa de tamanho aproximado à da atual Groenlândia, começou a se deslocar rumo ao norte.

Porém, há cerca de 140 milhões de anos, a Grande Adria estava quase totalmente submersa em um mar tropical, dispersando sedimentos que, com o tempo, transformaram-se em rochas. E, há entre 100 e 120 milhões de anos, a massa continental submersa colidiu com o que hoje é a Europa, e assim sua crosta foi destruída.

Após a colisão, grande parte da Grande Adria deslizou sob a Europa, mas algumas de suas rochas, "raspadas" na colisão, acabaram espalhadas pela superfície. Os cientistas afirmam que partes do que já foi a Grande Adria se encontram a cerca de 1,5 mil quilômetros de profundidade.

Rochar calcárias nos Montes Tauro, na Turquia, formados por restos visíveis da Grande Adria / Crédito: Foto por Halit Edip Özcan pelo Wikimedia Commons

A colisão, vale mencionar, não foi um processo repentino: os continentes se aproximavam apenas 3 ou 4 centímetros por ano, mas ainda assim a pressão do impacto foi capaz de destruir a crosta de 100 quilômetros de profundidade, e empurrar o restante do continente para o manto da Terra.