Após ser relatado que Dominique Pélicot sofria de problemas renais, seu julgamento e de outros 50 homens será retomado na terça-feira, 17
O julgamento de Dominique Pélicot e outros 50 homens será retomado na terça-feira, 17. Nesta segunda-feira, 16, ele se ausentou. Fora constatado que o acusado sofria de problemas renais e se recusou a deixar sua cela na prisão. Por outro lado, os advogados temem que a audiência possa ter que ser adiada e criticaram as autoridades por não terem agido antes.
No caso que chocou a França, o senhor de 71 anos admitiu ter drogado e estuprado sua esposa, Gisèle, e ainda convidado até 90 homens para estuprá-la enquanto estava inconsciente.
Após Dominique não comparecer na audiência, o tribunal nomeou dois peritos médicos para examiná-lo. Roger Arata, presidente do tribunal, espera que o julgamento pudesse ser retomado na terça-feira, 17, mas alertou que, caso o principal acusado esteja muito debilitado, pode ser adiado.
A defesa de Pélicot acusou as autoridades de não agirem assim que fora relatado que Dominique estava indisposto. Ele foi encaminhado ao hospital, onde foi diagnosticado com uma infecção renal, pedra nos rins e um "problema de próstata".
"Tudo isso poderia ter sido evitado se ele tivesse sido tratado desde segunda-feira [semana passada]. Por que esperaram oito dias?", perguntou a advogada de defesa de Pélicot, Béatrice Zavarro, do lado de fora do tribunal em Avignon.
Stéphane Babonneau, advogado de Gisèle Pélicot, disse que se a audiência fosse adiada devido à falha das autoridades em tratar seu ex-marido, seria uma catástrofe.
"É claro que ela [Gisèle Pélicot] está preocupada. Ela se encontra em uma situação muito difícil, como todos nós. O julgamento está realmente em um estágio muito inicial; mal começou. Há a apresentação dos vídeos e o interrogatório do principal acusado por vir," disse Babonneau.
Após todo o ocorrido, Gisèle se tornou uma imagem de resistência ao estupro e abuso sexual na França. Desde o início das audiências, manifestantes comparecem para demonstrar apoio a ela, carregando cartazes dizendo: "A vergonha muda de lado".
Segundo o 'The Guardian', a francesa vem sendo muito elogiada por sua coragem em insistir que o julgamento fosse realizado em público e não com as portas fechadas.
"Fiquei profundamente tocada por esse movimento… graças a todos vocês, tenho força para lutar até o fim. Dedico essa luta a todas as pessoas, mulheres e homens, que são vítimas de violência sexual no mundo todo. A todas essas vítimas, digo hoje: olhem ao redor, vocês não estão sozinhas," disse ela em uma declaração do lado de fora do tribunal na semana passada.