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Matérias / Ainda Estou Aqui

Ainda Estou Aqui: 5 coisas para saber antes de assistir ao filme

Ainda Estou Aqui resgata a história real de Eunice Paiva, que buscou Justiça pelo desaprecimento de seu marido durante a ditadura

Fabio Previdelli
por Fabio Previdelli
[email protected]

Publicado em 06/11/2024, às 20h00

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Eunice e Rubens Paiva: Realidade e ficção - Arquivo pessoal e Divulgação/Globoplay
Eunice e Rubens Paiva: Realidade e ficção - Arquivo pessoal e Divulgação/Globoplay

Nesta quinta-feira, 7, chega aos cinemas o longa brasileiro 'Ainda Estou Aqui', que narra a história de Eunice Paiva, que enfrentou a violência dos Anos de Chumbo da ditadura militar.

Eunice se viu 'obrigada' a cuidar sozinha dos cinco filhos após a prisão e desaparecimento de seu marido, o deputado cassado Rubens Paiva, em 1971. O longa viaja pela vida de Eunice, que ainda teve que lutar contra o Alzheimer. 

No início da década de 1970, o Brasil enfrenta o endurecimento da ditadura militar. No Rio de Janeiro, a família Paiva - Rubens, Eunice e seus cinco filhos - vive à beira da praia em uma casa de portas abertas para os amigos. Um dia, Rubens Paiva é levado por militares à paisana e desaparece", narra a sinopse do filme.

Antes da estreia de 'Ainda Estou Aqui', a equipe da AH separou 5 coisas que você precisa saber antes de conferir a produção nas telonas. Veja!


1. O livro

'Ainda Estou Aqui', é baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, filho de Eunice e Rubens Paiva, publicado pela editora Alfaguara em 2015. Conforme recorda o portal Guia do Estudante, Marcelo tinha apenas 11 anos quando viu seu pai pela última vez. 

Ao longo de quase 300 páginas,  Paiva relata a angústia e o medo que sua família viveu após a prisão do pai. Eles tiveram que se mudar do Rio de Janeiro para São Paulo enquanto lutavam para saber o que havia ocorrido com o patriarca da família. 

Capa do livro 'Ainda Estou Aqui' e e foto de Marcelo Rubens Paiva - Divulgação/Companhia das Letras e Harald Krichel via Wikimedia Commons

Posteriormente, a família descobriu que Rubens Paiva havia sido morto e passou a buscar entender as circunstâncias de seu falecimento; assim como o destino de seu corpo — que jamais foi encontrado.


2. História real

Engenheiro formado pelo Mackenzie, Rubens Paiva atuou como militantes estudantil em São Paulo antes de ser nomeado como deputado federal pelo Partido Trabalhista Brasileiro, o mesmo do então presidente João Goulart.

QuandoJango sofreu o Golpe, em 1964, Paiva convocou os estudantes para resistirem e passou a ser alvo dos militares. Como consequência, teve seu mandato cassado quando o Ato Institucional Nº1 foi estabelecido. Assim, ele se exilou na Iugoslávia por um ano, antes de retornar ao Rio de Janeiro. 

Rubens Paiva, do PTB - Divulgação/Memórias da Ditadura

Em 20 de janeiro de 1971, Rubens Paiva foi detido em sua casa por agentes do Centro de Informações e Segurança da Aeronáutica (CISA). E, a partir desse ponto a história do que aconteceu com ele ganhou diversas versões. 

+ Rubens Paiva: O sequestro e tortura pela ditadura militar brasileira

Segundo os órgão oficiais, desconhecidos haviam sequestrado Rubens Paiva da custódia e ele teria fugido para Cuba, onde supostamente teria outra família. O seu último paradeiro conhecido era o Destacamento de Operações de Informações (DOI) do I Exército, na Tijuca.

Pouco depois, Eunice também acabou sendo presa junto de sua filha Eliana, com apenas 15 anos na época. Ela foi levada para o mesmo lugar do marido, onde ficou detida por 12 dias; quando exigiu que a verdade fosse revelada. 

Eunice ao lado do marido, o deputado Rubens Paiva - Arquivo pessoal

Eliana passou cerca de 24 horas no local; já Eunice acabou descobrindo que Rubens havia sido assassinado — embora o local de seu sepultamento não tenha sido revelado. 

A família de Rubens Paiva só recebeu seu atestado de óbito em 1996, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, que havia sancionado a Lei dos Desaparecidos. 

Em 2014, um relatório divulgado pela Comissão da Verdade, estabelecido na gestão de Dilma Rousseff (também presa e torturada pela Ditadura) esclareceu que após Rubens Paiva ser torturado do DOI, seu corpo foi enterrado e desenterrado algumas vezes; visto que os militares temiam que seus restos fossem encontrados. Como solução, ele foi arremessado ao mar dois anos depois de sua morte

Eunice e Rubens ao lado da família - Arquivo pessoal

'Ainda Estou Aqui' acompanha Eunice nos anos seguintes ao desaparecimento de Rubens Paiva, enquanto luta por Justiça e tenta curar suas cicatrizes. Viúva, ela ainda teve de cuidar de seus cinco filhos e enfrentar o Alzheimer em seus últimos dias de vida. Eunice Paiva faleceu em 13 de dezembro de 2018, aos 86 anos.


3. Elenco de peso

'Ainda Estou Aqui' é dirigido por Walter Salles, responsável por memoráveis produções nacionais, como 'Central do Brasil' e 'Cidade de Deus'. No longa, Fernanda Montenegro e Fernanda Torres dão vida a Eunice em diferentes fases de sua vida. 

Imagem promocional do filme 'Ainda Estou Aqui' - Divulgação

Selton Mello ficou com o papel deRubens Paiva, enquanto Antonio Saboia é seu filho, Marcelo Rubens Paiva. O elenco ainda tem nomes como Valentina Herszage, Maeve Jinkings, Marjorie Estiano, Humberto Carrão e Bárbara Luz


4. Sucesso de crítica

'Ainda Estou Aqui' foi lançado no Festival de Cinema de Veneza, onde recebeu o prêmio de Melhor Roteiro, aponta o GShow. Após ser exibido, o longa foi reverenciado pelo público, sendo aplaudido por cerca de 10 minutos. 

Um retrato profundamente comovente da memória sensorial de Walter Salles de uma família — e uma nação — rompida", descreveu Jessica Kiang, crítica da revista Variety.

"Como o título pode sugerir, o primeiro filme dramático de Walter Salles em 12 anos é, em última análise, uma celebração do Brasil — não apenas da resiliência do seu liberalismo sob governantes tirânicos, mas da sua luz solar, do seu espírito carnavalesco e do delicioso azul do mar que rola pelas amplas praias do Rio de Janeiro", escreveu Stephanie Bunbury, do Deadline.

Cena do filme Ainda Estou Aqui - Divulgação

‘Ainda Estou Aqui’ também foi premiado pelo Critics Choice Awards e recebeu ainda o Green Drop Award — dado aos filmes que "melhor representam os valores da ecologia e do desenvolvimento sustentável, com particular atenção para a conservação do planeta e dos seus ecossistemas para as gerações futuras, para os estilos de vida e cooperação entre povos", repercute o Terra.


5. Representante no Oscar

Por conta de todo o sucesso internacional que vem fazendo, 'Ainda Estou Aqui' tem grandes chances de representar o Brasil no Oscar de 2025. A expectativa é que a produção possa concorrer na categoria Melhor Filme Estrangeiro. 

Entretanto, não seria nenhum absurdo se Fernanda Torres também conquistasse uma vaga na disputa de Melhor Atriz, visto os diversos elogios que vem recebendo. O The Guardian considerou sua atuação como "gloriosa"; já o Screen Daily a descreveu como "magnífica". Por fim, o Deadline fez lobby por sua indicação. 

+ Filme brasileiro 'Ainda Estou Aqui' é cotado para o Oscar por imprensa americana

Fernanda Torres em 'Ainda Estou Aqui' - Divulgação

No dia 17 de dezembro, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS), dos Estados Unidos, divulga a lista dos pré-selecionados nas principais categorias — e a expectativa é que 'Ainda Estou Aqui' possa estar em alguma delas.