Após estudante aparecer seminua em universidade, ativistas denunciam uso de internação compulsória como forma de reprimir protestos no Irã
A polêmica em torno da estudante iraniana que tirou a roupa em público como forma de protesto contra o código de vestimenta islâmico ganhou um novo capítulo nesta quarta-feira, 6. A embaixada iraniana em Paris anunciou que a jovem foi "transferida para um centro de atendimento especializado", após ser detida no último sábado em Teerã.
A decisão das autoridades iranianas de internar a estudante em um centro psiquiátrico gerou grande repercussão internacional e foi amplamente criticada por organizações de direitos humanos. A Anistia Internacional, por exemplo, denunciou a prática de rotular como "doença mental" qualquer forma de dissidência no Irã, especialmente por parte de mulheres que se opõem ao uso obrigatório do hijab.
"A estudante sofre de fragilidade psicológica e foi transferida de ambulância dos serviços de emergência social para um centro de atendimento especializado", afirmou a embaixada.
Segundo 'O Globo', ativistas e defensores dos direitos humanos temem que a internação compulsória seja utilizada como uma forma de silenciar a jovem e intimidar outras mulheres que possam se manifestar contra as restrições impostas pelo regime iraniano.
A estudante, que frequenta a Universidade de Azad, foi filmada caminhando de roupa íntima em frente à instituição de ensino, em um ato de protesto contra a perseguição de agentes de segurança. A jovem teria sido acusada de não respeitar o código de vestimenta islâmico e foi detida após o ato.
Eu adoraria saber se as ditas "feministas" do ocidente teriam a metade da coragem dessa moça.
— Tomás Ramos (@TomsRamos4) November 3, 2024
Uma estudante iraniana saiu seminua para protestar contra a brutalidade do regime iraniano que persegue mulheres por conta de vestimenta.
O silencia das feministas sobre o caso é… pic.twitter.com/lvNXgKeKVk
O ministro iraniano da Ciência, Pesquisa e Tecnologia, Hosein Simaei, classificou o comportamento da jovem como "imoral", enquanto a embaixada iraniana em Paris afirmou que a estudante "sofre de fragilidade psicológica" e que será reavaliada para retornar aos estudos, caso a universidade permita.
A ativista Masih Alinejad, radicada nos Estados Unidos, defendeu a jovem, descrevendo-a como "uma mulher calorosa, cheia de alegria e vitalidade". Alinejad, que é uma crítica ferrenha do regime iraniano, negou qualquer tipo de transtorno mental na estudante.