Tensão em torno da escadaria é reflexo das disputas históricas que envolvem as riquezas culturais compartilhadas por ambas as nações
A Escadaria de Trinità dei Monti, um dos marcos históricos mais emblemáticos de Roma, está no centro de uma disputa entre Itália e França após a publicação de um relatório do Tribunal de Contas francês.
O documento destaca a igreja Santissima Trinità dei Monti, localizada no topo da escadaria, como parte do patrimônio francês em Roma, reacendendo debates sobre a gestão de bens históricos, repercute a agência de notícias ANSA.
A controvérsia gira em torno da administração de cinco igrejas "francesas" em Roma, incluindo a Santissima Trinità dei Monti, erguida no século XVI. Embora a escadaria de 136 degraus, que liga a igreja à Piazza di Spagna, tenha sido inaugurada pelo papa Bento XIII em 1725, sua construção foi financiada pela França.
De acordo com a ANSA, anos depois, em 1790, o papa Pio VI, por meio do cardeal De Bernis, embaixador francês na Santa Sé, colocou diversos edifícios religiosos de Roma sob proteção francesa.
Durante o regime fascista, a Itália tentou recuperar esses bens, mas sem sucesso. Após 1940, os diplomatas franceses no Vaticano se refugiaram na Cidade-Estado, evitando a expulsão que afetou seus colegas na embaixada da França na Itália.
Atualmente, a gestão dessas propriedades é responsabilidade da entidade Pieux Établissements de la France à Rome, subordinada à embaixada francesa junto à Santa Sé, que controla também 13 outros imóveis no centro histórico da capital italiana.
O relatório gerou reações inflamadas na Itália. Segundo a ANSA, Fabio Rampelli, vice-presidente da Câmara dos Deputados e membro do partido Irmãos da Itália (FdI), liderado pela premiê Giorgia Meloni, ironizou a situação ao afirmar: "Vamos mandar especialistas ao Louvre para revisar os bens retirados da Itália ao longo da história. A vontade é de rir".