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Matérias / A Libertação

A Libertação: Veja a história real por trás do filme aterrorizante da Netflix

Um dos filmes mais assistidos por brasileiros na plataforma de streaming Netflix, O filme de terror A Libertação é baseado em história real

por Thiago Lincolins
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Publicado em 31/08/2024, às 20h57 - Atualizado em 04/09/2024, às 19h32

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Cena do filme A Libertação - Divulgação/Netflix
Cena do filme A Libertação - Divulgação/Netflix

Um dos filmes mais assistido por brasileiros na Netflix,"A Libertação" chama a atenção  do público. Na descrição do longa-metragem de terror, os assinantes se deparam com a seguinte mensagem: "Inspirado em eventos reais e aterrorizantes". 

O filme apresenta a história de uma mulher chamada Ebony Jackson. Mãe solo, ela busca um recomeço numa casa nova, no entanto, a família vive um pesadelo: algo sinistro vive nos cômodos. 

A história real que inspirou "A Libertação" consiste numa investigação feita pelo Indianapolis Star, que retratou a saga da família Ammons em 2014. Latoya Ammons e seus filhos, que tinham 7, 9 e 12 anos, teriam sido possuídos por demônios que viviam na casa recém-alugada pela família em Gary, Indiana, nos EUA.

De acordo com ela, as coisas se tornaram estranhas em dezembro de 2011. Naquela época, eles notaram que, embora a temperatura tivesse caído no inverno, moscas pretas se infiltravam em sua varanda, que tem tela, repercute a Time Magazine.

"Isso não é normal", desabafou a mãe de Ammons, Rosa Campbell, ao Star. "Nós os matamos e os matamos e os matamos, mas eles continuaram voltando."

No entanto, era apenas o começo do que seria um pesadelo. As crianças, que passavam a falar com uma voz aterrorizante, teriam levitado e até mesmo acabavam lançadas através de cômodos.

"Depois da meia-noite, Campbell e Ammons disseram que ocasionalmente ouviam o som constante de passos subindo as escadas do porão e o rangido da porta se abrindo entre o porão e a cozinha. Não havia ninguém lá", destaca trecho da reportagem.

Com a situação fora de controle, o Departamento de Polícia de Gary, o Departamento de Serviços Infantis de Indiana e até mesmo um hospital local tiveram que intervir.

Imagem do filme "A Libertação" - Divulgação/Netflix

Enquanto autoridades davam crédito as alegações da família, outros pareciam não acreditar. Em abril de 2012, uma pessoa não identificada apresentou um relatório ao Departamento de Serviços Infantis de Indiana e solicitou que a agência em questão investigasse a família. Para o reclamante, a mãe sofreria com questões de saúde mental, assim influenciando as crianças. Com o andamento do caso, o órgão obteve a tutela temporária dos pequenos.

O filho mais novo de Latoya foi avaliado por uma psicóloga, que alegou que os relatos dele sobre possessão eram "bizarros, fragmentados e ilógicos". Também afirmou que, cada vez, as histórias ganhavam novas versões. 

"Este parece ser um caso infeliz e triste de uma criança que foi induzida a um sistema delirante perpetuado por sua mãe", escreveu a profissional. Ao mesmo tempo, outro psicólogo compartilhou a mesma opinião sobre as duas crianças mais velhas.

Em relatório, a equipe médica do Hospital Northlake, que avaliou os filhos de Latoya, é citada. Os relatos indicam que uma das crianças fez “barulhos de rosnado e seus olhos reviraram para trás da cabeça”. Em um cenário tétrico, um dos pequenos “foi levantado e jogado contra a parede sem que ninguém a tocasse”.

Um dos filhos disse que “fantasmas atacam ele e seu irmão”. Já outro informou que “eventos não naturais acontecem na casa durante a noite” e que se lembra de “ser jogada para o outro lado da sala”, repercute o Today.

O relatório determinou que as crianças precisariam de "ajuda", e que Ammons, naquele momento, seria "incapaz de garantir a segurança das crianças". Ela, todavia, poderia ter visitas supervisionadas. 

Em 2012, a mãe foi exorcizada três vezes pelo padre Michael Maginot, da paróquia St. Stephen, localizada em Merrillville, Indiana. O religioso também abençoou a nova residência dos Ammons localizada em Indianápolis. 

Com a mudança de casa, Latoya também passou a atender as solicitações do Departamento de Serviços Infantis de Indiana e conseguiu recuperar a guarda dos filhos.

Mudanças

Assim como muitos filmes baseados em histórias verdadeiras, "A Libertação" apresenta mudanças em relação a verdadeira história. Lee Daniels, diretor do filme, explicou ao Hollywood Reporter relatou as alterações que fez para as telas.

"O que eu mudei um pouco é que fiz a mãe dela branca porque tenho muitos amigos mestiços e [eu queria falar sobre] como é ter uma mãe branca e viver no corpo de uma garota negra", afirmou o profissional. "E a pessoa da 'libertação' era, na verdade, um cara e não uma garota, [como a Rev. Bernice James de Aunjanue Ellis-Taylor no filme]. Mas há tantas mulheres que fazem esse trabalho também, que não são reconhecidas, então eu mudei um pouco. E, claro, seus nomes e tal".

Daniels, que conversou com a verdadeira Ammons, também transformou o exorcismo na igreja em um processo de "libertação" na casa da família. "É minha interpretação da história de vida dela. Eu propositalmente não queria conhecê-la porque estava nervoso", disse o diretor. "Mas eu falei com ela... E ela é adorável. Ela estava em paz".