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Matérias / Império Romano

De palavras a Zuckerberg: Escritor revela a influência do Império Romano

Em 'Roma, o império infinito', o autor Aldo Cazzullo discorre sobre o glorioso Império Romano, e como ele moldou o Ocidente

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 12/09/2024, às 19h00 - Atualizado em 14/09/2024, às 09h11

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Estátua do imperador romano Augusto - Joel Bellviure
Estátua do imperador romano Augusto - Joel Bellviure

A história da humanidade já presenciou o surgimento e o fim de inúmeras civilizações, culturas e impérios, desde os mais antigos, como a Mesopotâmia e o Egito, até o extenso Império Mongol, na Ásia. Mas hoje, poucos são tão lembrados e referenciados quanto o glorioso Império Romano.

Vale lembrar suas valiosas contribuições para o desenvolvimento do direito — inclusive termos utilizados até hoje —, entendimento das formas de governo, desenvolvimento de linguagem, da arquitetura, da cultura e da disseminação de crenças... Sem mencionar que também foi um dos maiores impérios que já existiu em extensão, ocupando grande parte da Europa.

Além disso, não é incomum que arqueólogos encontrem, em diferentes lugares da Europa, edificações, sepulturas ou tesouros datados da era romana. 

Também vale lembrar que a cultura pop não deixa de referenciar o Império Romano. Um exemplo é o lançamento de 'Gladiador 2', de Ridley Scott.

Agora, o escritor e jornalista italiano Aldo Cazzullo, entusiasmado com a história do Império Romano que existiu em seu país, decidiu escrever um livro no qual aborda a formação e a história do império e sua influência: 'Roma, o império infinito: A história da civilização que moldou o Ocidente'.

Em entrevista exclusiva à Aventuras na História, o autor reflete sobre o lançamento e destaca a influência do império mais glorioso que já existiu.

Capa do livro 'Roma, o império infinito' e o autor Aldo Cazzullo / Crédito: HarperCollins Brasil / Giulia Natalia Comito

Roma viva

Parte da inspiração para Cazzullo escrever 'Roma, o império infinito' veio do momento em que ele se deu conta de que, até hoje, o Império Romano inspira várias formas de arte. Desde a arquitetura neoclássica, que é prevalente aqui no Brasil e na América Latina, como a pintura, a escultura e o cinema.

Além disso, Roma deixou um legado para o chamado mundo ocidental: "todas as palavras da política vêm da Roma antiga", afirma o autor. "Povo, cidadão, liberdade, justiça, presidente, ditador, socialismo, comunismo, nacionalismo: são palavras que derivam do latim. O Senado não existe apenas em Roma, mas também em Paris, Madrid, Lisboa, Brasília e Washington".

"República ou res publica: coisa pública. A ideia de que o Estado pertence a todos tem origem em Roma", complementa. "Democracia, por outro lado, é uma palavra grega, porém, a primeira verdadeira democracia foi a República Romana. Foi o povo, e não o Senado, quem fez as leis, elegeu os magistrados e declarou a paz e a guerra. A cultura jurídica ocidental é latina, assim como a própria palavra 'lei'".

O que chamamos de Ocidente foi construído sobre os alicerces da Roma Antiga".
'Horácio, Virgílio e Varius na casa de Mecenas', de Charles Francois Jalabert / Crédito: Getty Images

E até mesmo para nós, brasileiros, que vivemos onde os romanos nunca pisaram, o Império exerce sua influência: "Começando com o nome 'América Latina'. As línguas, português e espanhol, derivam do latim. Os nomes dos meses, signos do zodíaco, dias (exceto sábado, que vem do hebraico) são derivados dos antigos romanos. E, na minha opinião, o sentido de integração, de multi-religiosidade, de multi-etnicidade são legados da sociedade romana", complementa o autor.

Influência

Mesmo após o fim do Império Romano, em 476 d.C., o legado permanece. Posteriormente, líderes surgiram, resgatando o fascínio e a inspiração no Império Romano, mesmo que parcial, como foi com Napoleão Bonaparte.

"Todos os impérios da História se apresentaram como legítimos herdeiros do Império Romano", pontua Aldo Cazzullo. "O Sacro Império Romano, o Império Bizantino. Zar e Kaiser são palavras que derivam de César (não é por acaso que o símbolo do Império Russo e do Império Alemão, bem como, infelizmente, do nazismo, é a águia)".

"Napoleão não queria ser coroado rei, mas sim imperador, porque se reconhecia em César, o grande líder", acrescenta. "Hitler era o personagem horrível que conhecemos muito bem: a sua ideia sobre Roma foi distorcida e usurpada. Os romanos não eram racistas, exceto em relação aos godos, que eram os atuais alemães, considerados um pouco altos demais, loiros demais e um pouco tolos".

Retrato de Napoleão Bonaparte, busto de Júlio César e fotografia de Adolf Hitler / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Novos Césares

Uma abordagem bastante interessante que Cazzullo desenvolve em 'Roma, o império infinito' é a ideia de que, mesmo na contemporaneidade, sem a presença de figuras como imperadores e reis tomando grandes decisões políticas globais, existem personalidades que funcionam como "reinterpretações" modernas do que eram os imperadores romanos. Dois exemplos que destaca são Mark Zuckerberg, dono do Meta, e Elon Musk, proprietário do X, antigo Twitter.

"Quando Mark Zuckerberg foi em lua de mel para Roma, sua esposa Priscilla disse: 'Eu me senti como se fôssemos três: eu, Mark e Augusto'. Zuckerberg foi, de fato, fotografado abraçando todas as estátuas de Augusto que encontrou, e eram muitas: Augusto foi o primeiro homem cujo rosto era conhecido por todos; ele mandou esculpir 2.500 estátuas com seu rosto", conta o autor.

Por que Zuckerberg estava obcecado por Augusto? Por que ele deu às filhas o nome de Augusta, Máxima e Valéria? Por que ele termina as reuniões gritando 'Dominium!'? Porque ele se vê como o novo Augusto, o primeiro homem a governar uma vasta comunidade, um mundo feito de pessoas que não se conheciam e nunca se conheceriam, mas que, no entanto, nasceram e morreram sob o mesmo César".
Mark Zuckerberg e Elon Musk / Crédito: Getty Images

Considerando os tempos atuais e a compreensão que temos das áreas habitadas e distâncias necessárias, seria inimaginável o surgimento de um governo que pudesse unificar todo o mundo.

Porém, para Cazzullo, "esta comunidade é o Facebook e também o Twitter. Não é por acaso que Musk se autoproclamou imperador de Marte e desafiou Zuckerberg para um duelo (que felizmente nunca foi travado) no Coliseu. Estes “mestres das redes sociais” consideram-se como novos imperadores e têm um poder imenso, não sobre os territórios físicos, mas sim sobre as almas".