Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Matérias / Titanic

Encadernado com joias: A história do livro raro que afundou com o Titanic

No fundo do Oceano Atlântico, repousa um dos livros mais cobiçados: o Rubaiyat, uma coleção de poemas atribuídos ao poeta Omar Khayyam

Luiza Lopes Publicado em 12/09/2024, às 16h00 - Atualizado em 14/09/2024, às 10h32

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Rubaiyat de Omar Khayyam encadernado por Sangorski e Sutcliffe - Wikimedia Commons via Sotheran's book sellers
Rubaiyat de Omar Khayyam encadernado por Sangorski e Sutcliffe - Wikimedia Commons via Sotheran's book sellers

No fundo do Oceano Atlântico, repousa um dos livros raros mais cobiçados do mundo: o Rubaiyat, uma coleção de poemas atribuídos ao poeta persa Omar Khayyam, traduzido e publicado por Edward FitzGerald em 1860.

A encadernação do livro, feita pelos britânicos Sangorski e Sutcliffe em 1911, é uma das mais notáveis da História. A capa de couro marroquino é adornada com mais de mil joias, como esmeraldas, rubis, ametistas e topázios, todos engastados em ouro.

Ela apresenta três pavões detalhados e um ud persa, instrumento semelhante a um alaúde, de madeira e marfim. Levou dois anos para ser concluída, com o livro envolto em um estojo de carvalho, explica o Britannic Auctions.

Leiloado

Assim, no dia 29 de março de 1912, o Rubaiyat cravejado de joias foi leiloado pela Sotheby's em Londres por £ 405 (equivalente a cerca de US$ 57.627 hoje). Devido a gastos reduzidos após uma greve de carvão na Inglaterra, o livro foi vendido por um valor muito abaixo do esperado para Gabriel Weis, um americano, segundo o The New York Times.

Após o leilão, a Sotheby's embalou o livro valioso e enviou-o para os Estados Unidosa bordo do Titanic, que estava a caminho de Nova York.

titanic
Registro do Titanic partindo de Southampton em 10 de abril de 1912 / Crédito: Wikimedia Commons via Francis Godolphin Osbourne Stuart

Naufrágio do Titanic

Na noite de 14 de abril de 1912, o Titanic colidiu com um iceberg e afundou, levando a vida de 1.503 passageiros e tripulantes, além de uma carga luxuosa, incluindo o Rubaiyat de Omar Khayyam.

Desde a descoberta dos destroços em 1985, vários artefatos preciosos, incluindo livros, foram recuperados e estão em exibição em museus dedicados ao navio ao redor do mundo.

Muitos itens de papel, como dinheiro, cartas de baralho e partituras, sobreviveram milagrosamente após ficarem submersos por mais de 75 anos, graças ao fato de terem sido armazenados em recipientes resistentes como malas e bolsas de couro. O couro, menos afetado pelos microrganismos oceânicos, preservou-se melhor que outros materiais.

Buscas pelo Rubaiyat

Mas, não foram encontrados vestígios do livro entre os destroços do Titanic. As pedras preciosas da capa do ainda podem estar intactas, se o livro não foi completamente destruído pelo impacto.

E, mesmo com mais de 100 anos no fundo do mar, a encadernação de couro fino do livro pode ser identificável, preservando possivelmente as ilustrações de Elihu Vedder, aponta o Britannic Auctions.

rubaiyat
Ilustrações de Elihu Vedder no Rubaiyat / Créditos: Wikimedia Commons via Domínio Público

Valor atual

Se encontrado hoje, o Rubaiyat provavelmente alcançaria um valor extraordinário. Itens recuperados do Titanic são frequentemente leiloados por dezenas de milhares de dólares, com o recorde sendo o violino que tocava durante o naufrágio, vendido por US$ 1,7 milhão em 2013.

Dada a importância histórica e a riqueza da encadernação do Rubaiyat, o livro poderia facilmente valer mais de US$ 120.000, segundo o Britannic Auctions. Em 2009, uma impressão original do livro, sem as joias, foi vendida por US$ 30.000.