O naufrágio mais famoso da História permanece no fundo do mar 112 anos após a tragédia; entenda por que o Titanic nunca foi removidoa
Cerca de 1.500 pessoas perderam suas vidas no trágico naufrágio do Titanic. Após o desastre, mais de 300 corpos foram recuperados por barcos de resgate. Outros, usando coletes salva-vidas, podem ter sido levados pelas correntes marítimas, enquanto muitos afundavam junto da embarcação.
Mais de um século após a tragédia, as pessoas ainda questionam: Por que os restos do Titanic nunca foram removidos do fundo do oceano?
Primeiro, repercute o Business Insider, vale lembrar que os governos dos EUA e do Reino Unido concordaram em tratar o local do naufrágio como um memorial.
"A NOAA reconhece o local do naufrágio do Titanic como um memorial marítimo (...)", afirmou Monica Allen, diretora de relações-públicas da NOAA Research, em um e-mail enviado ao veículo.
Em 2020, a RMS Titanic Inc., detentora dos direitos de resgate do navio, planejava recuperar o rádio usado para enviar os pedidos de socorro. A ideia gerou um debate sobre a possibilidade de a expedição revelar restos humanos. No entanto, vale lembrar que animais e a água salgada já teriam decomposto completamente os corpos, explica a CBS News.
Não vi nenhum vestígio humano," disse James Cameron, diretor que visitou o naufrágio várias vezes, ao The New York Times em 2012.
Para muitos, o naufrágio é um marco da tragédia, independentemente da presença de restos humanos. Muitos descendentes das vítimas consideram o local um cemitério. Em 1987, a sobrevivente do Titanic Eva Hart referiu-se aos que tentavam salvar artefatos do local como "caçadores de fortuna, abutres, piratas."
O Titanic foi construído com milhares de placas de aço e dois milhões de rebites de aço e ferro forjado, conforme relatado pela Materials Today.
Assim, bactérias chamadas Halomonas titanicae estão "trabalhando em simbiose para consumir o ferro e o enxofre", explicou a bióloga microbiana Lori Johnston ao USA Today.
Conforme as bactérias consomem o ferro do navio, elas formam estruturas chamadas rusticles, semelhante a estalactites, que cobrem a embarcação.
Os rusticles são "uma forma muito mais fraca do metal," e frágeis ao ponto de se desintegrar em pó, disse Clare Fitzsimmons, da Universidade de Newcastle, à BBC em 2019. As correntes oceânicas e a corrosão salina também causaram danos ao longo do tempo.
A extensão da deterioração do Titanic é evidente quando comparamos imagens dos aposentos do Capitão Edward Smith tiradas em 1996 e em 2019.
"A banheira do capitão é uma imagem favorita entre os entusiastas do Titanic, e agora desapareceu," declarou Parks Stephenson, historiador do Titanic, em um comunicado de 2019. "Toda aquela área está desmoronando, levando consigo as cabines e a deterioração continuará avançando."
Uma nova expedição da RMS Titanic Inc, feita entre julho e agosto, mostrou registros atuais da deterioração da embarcação famosa. A proa do navio também já se encontra em grande estado de deterioração.
"A proa do Titanic é simplesmente icônica — você tem todos esses momentos na cultura pop — e é nisso que você pensa quando pensa no naufrágio. E não parece mais com isso", disse à BBC Tomasina Ray, diretora de coleções da RMS Titanic Inc.
Parte da grade do navio, de aproximadamente 4,5 m de comprimento, despencou em algo momentos dos últimos anos.
Em 2022, registros feitos pela Magellan, companhia que trabalha com mapeamento nas profundezas, mostravam a grade. "Em algum momento [entre 2022 e 2023] o metal cedeu e ele caiu", explicou Tomasina.
Desde 1914, entusiastas ambiciosos têm sonhado com maneiras de levantar o navio. O engenheiro Charles Smith propôs anexar cabos eletromagnéticos ao casco e levantá-lo lentamente com motores a vapor e guinchos, conforme descrito no livro "Sinkable".
Na época, ele estimou que o custo seria de £1.5 milhão. Levantar o navio cruzeiro Costa Concordia em 2013, por exemplo, custou €800 milhões, informou The Atlantic. Esse navio estava apenas parcialmente submerso, portanto, trazer o Titanic à superfície seria muito mais complexo e caro.
Expor o Titanic ao ar traz seus próprios problemas para a conservação do navio. Por exemplo, foram necessárias duas tentativas - a primeira em 1996 e a segunda dois anos depois - para trazer à superfície uma grande parte da estrutura do Titanic conhecida como "big piece".
O fundo do mar é um ambiente com baixo teor de oxigênio; portanto, a peça teve que ser colocada novamente na água durante o transporte para retardar o processo de corrosão.
Eventualmente, a peça foi mergulhada em uma piscina com uma solução de carbonato de sódio e água por 20 meses para remover os sais que enfraqueciam o metal, segundo o livro "Cleaning Techniques in Conservation Practice: A Special Issue of the Journal of Architectural Conservation."