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Matérias / A Maldição da Casa Winchester

A Maldição da Casa Winchester: Veja a história real por trás do filme

Adicionado ao catálogo da Netflix, o filme A Maldição da Casa Winchester chama atenção por ser baseado em uma história real

por Thiago Lincolins
[email protected]

Publicado em 24/08/2024, às 12h27 - Atualizado em 31/08/2024, às 07h05

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Sarah Winchester: Realidade e ficção - Getty Images e Divulgação
Sarah Winchester: Realidade e ficção - Getty Images e Divulgação

Um das produções mais famosas entre os fãs de filmes de terror e suspense da última semana na Netflix, "A Maldição da Casa Winchester", de 2018, foi adicionado ao catálogo da plataforma no último sábado, 24. Inspirada em uma história real, a premissa do longa-metragem chama atenção.

"Uma herdeira milionária constrói uma mansão em forma de labirinto para afastar os espíritos de pessoas mortas pelo rifle fabricado por sua família", detalha a sinopse da produção.

Mas como é a história real que serviu de base para o filme de Peter e Michael Spierig?

A casa, de fato, existe e está localizada em San José, na Califórnia, Estados Unidos. Com 160 cômodos, 40 escadas e 2.000 portas, a propriedade virou atração turística. De fato, seu interior intriga os mais curiosos: existe uma escada que termina no teto e uma porta sem utilidade. Além disso, vidraças, degraus e até mesmo um vitral apresentam o número 13, explica a revista People.

Uma das escadas sem utilidade na Casa Winchester - Getty Images

A dona da casa

Por trás do filme, existe a história real de Sarah, que herdou uma fortuna proveniente da fabricação do rifle Winchester. Ela nasceu em Connecticut e se casou com William Winchester, filho do homem que fundou a companhia de armas. Eles tiveram uma filha chamada Annie, que morreu quando tinha apenas seis semanas. Agravando a situação, o marido da mulher faleceu em 1881. Aos 41 anos, ela era viúva e dona de uma fortuna avaliada em US$ 20 milhões. 

Com o dinheiro, ela continuou a construção da curiosa casa em 1886. A obra, entretanto, não chegou ao fim. Até sua morte, em 1922, profissionais trabalhavam incansavelmente. Uma das lendas, explorada no longa-metragem, é que ela seria assombrada pelas almas de pessoas que morreram através dos rifles Winchester.

Em 2018, Janan Boehme, então historiadora da Casa Winchester, conversou com à Vanity Fair sobre a famosa lenda. 

"As pessoas naquela época não tinham um enorme complexo de culpa por armas. Elas eram uma ferramenta útil, algo que as pessoas precisavam para sobreviver", disse ela. Além disso, chama atenção que a casa conte com um clube de tiro que pode ser utilizado por visitantes.

Imagem mostra outra escada sem utilidade na casa - Getty Images

Obra de "louco"

Sarah, inclusive, sabia da fama da casa insólita. Através de uma carta de 1906, escrita após um terremoto ter afetado parte das obras, ela disse que a residência parecia obra de um "louco". No entanto, não fica claro se a proprietária seguia instruções de espíritos, conforme narra a lenda.

Segundo a Vanity Fair, o fato é que ela fazia sessões noturnas em uma torre da residência e, no dia seguinte, entregava os novos projetos de reforma para o capataz. "De onde quer que esses planos tenham vindo, eles vinham à noite", disse ao veículo Nicole Calande, então guia turístico da residência.

Reputação excêntrica

Além disso, o luto vivido por Sarah após a morte do marido ajudou a criar sua reputação excêntrica. Reclusa em San Jose, ela saía com vestidos pretos sufocantes, independente do clima.

"Ela entrou em luto e permaneceu de luto pelo resto da vida", disse ao veículo a atriz Helen Mirren, que a interpreta, ao veículo. "Um pouco do jeito que a Rainha Vitória fez quando perdeu o marido. Era uma coisa meio vitoriana de se fazer, não era?".

A verdadeira Sarah Winchester - Getty Images

"Quando você perde alguém, as perdas podem ser tão insuportáveis, tão difíceis. Que a única maneira de lidar com sua dor é sentir que eles ainda estão com você de uma forma ou de outra".

A arquitetura

A arquitetura incomum também pode ser explicada: Sarah construiu uma casa inspirada no estilo vitoriano. Em conversa com a People, Boehme relembrou as reformas feitas pela proprietária.

"Se você olhar para muitas casas vitorianas antigas que passaram por uma reforma extensa, você encontrará esse tipo de esquisitice", afirmou a historiadora. "Por exemplo, a primeira escada para o teto que é realmente bem conhecida, no começo do passeio, ela realmente subia. Mas ela colocou um corredor por cima dela". 

Já a escada presente no terceiro andar, que não leva a lugar nenhum, pode ser explicada pelo terremoto citado anteriormente. Após o fenômeno, a milionária optou por não reconstruir o quarto andar. 

Construção de chaminé não finalizada - Getty Images

"Houve uma época em que havia um andar inteiro em cima disso", explicou ela. "Agora a escada simplesmente não leva a lugar nenhum. Às vezes me pergunto se ela tinha senso de humor, porque ela deixou essas coisas e não precisava. Mas talvez ela gostasse de lembrar o que estava lá, ou ela achou engraçado. Eu não sei".

A reputação

A Vanity Fair também relembra que a casa, interpretada como bizarra para quem é de fora, era prática para Sarah, que inseriu escadas apertadas em zigue-zague. Ela tinha apenas 1,28m e lidava com as dores da artrite.

O fato de ter criado um vínculo com os seus funcionários também pode ter contribuído para a má reputação. Gastando uma quantia fora do normal (para a época) com trabalhadores, Sarah proporcionou conforto e tinha boa relação com a equipe. Mesmo após a sua morte, os profissionais não falaram sobre a patroa para a imprensa.

Cena do filme "A Maldição da Casa Winchester" - Divulgação

Tim O'Day, que cuida do marketing da atração turística, explica à Vanity Fair que a reclusão e a arquitetura incomum da casa tornaram popular a lenda de que Sarah seria desequilibrada. No final, Winchester era apenas uma mulher gastando sua fortuna como bem entendia. 

Já os relatos sobrenaturais, como mostra o filme, variam de pessoa para pessoa. Boehme disse à People que alguns já disseram sentir a presença de Sarah na casa ou até mesmo terem presenciado o espírito de um homem que empurra um carrinho de mão. Ela não desmente as alegações, no entanto, afirmou nunca ter visto algo anormal.