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Matérias / Naufrágio

A surpreendente saga da família que ficou 38 dias à deriva após naufrágio

Família Robertson sobreviveu a ataque de orcas e esteve durante 38 dias à deriva no Pacífico, recorrendo até mesmo a sangue de tartaruga

Redação Publicado em 14/09/2024, às 11h00

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A família que ficou 38 dias à deriva - Arquivo Pessoal
A família que ficou 38 dias à deriva - Arquivo Pessoal

Em 1972, durante uma viagem ao redor do mundo, o barco da família Robertson foi atacado por orcas. A embarcação foi severamente danificada, deixando-os à deriva em um pequeno bote por semanas. Nesse período, enfrentaram circunstâncias extremas para sobreviver, incluindo beber sangue de tartaruga.

Douglas Robertson, então com 18 anos, estava no convés do veleiro Lucette quando ouviu uma série de estrondos que elevaram a embarcação de 13 metros acima das águas turbulentas do Pacífico.

Ao olhar ao redor, ele avistou três orcas—um macho, uma fêmea e um filhote—sendo que a cabeça do macho estava gravemente ferida e sangrava intensamente. Ao perceber a situação crítica, Dougal Robertson, pai de Douglas e ex-capitão de marinha mercante, ordenou que abandonassem o veleiro, explica o The Guardian.

A família Robertson  - Arquivo pessoal

A jornada dos Robertson havia começado 17 meses antes. Dougal, entediado com a vida em uma fazenda de laticínios no Distrito de Peak após deixar a marinha mercante nos anos 50, decidiu vender a propriedade e comprar um veleiro para ensinar seus filhos sobre a vida navegando pelo globo. Com sua esposa Linda e os quatro filhos—Anne (18), Douglas (16), e os gêmeos Neil e Sandy (11)—a família embarcou em janeiro de 1971.

O primeiro ano da viagem foi marcado por passagens em Portugal, Canárias, Caribe, Bahamas e Miami. Contudo, Anne decidiu sair da viagem após se apaixonar, sendo substituída por Robin Williams, um analista financeiro de 23 anos que pagou uma taxa simbólica para ensinar inglês e matemática às crianças.

O ataque

Enquanto seguiam rumo às Ilhas Marquesas no Pacífico Sul, o ataque das orcas aconteceu. O Lucette afundava rapidamente e os Robertson só tinham um bote inflável e uma jangada oferecida por uma família islandesa que conheceram anteriormente. Mesmo relutante inicialmente, ele aceitou a jangada.

Durante o resgate improvisado para transferir todos para a balsa inflável, eles perceberam que estavam cercados por cerca de 20 orcas. Apesar do medo intenso de serem atacados pelos cetáceos novamente, conseguiram inflar o bote e iniciar a difícil luta pela sobrevivência.

Douglas na juventude - Arquivo pessoal

"Eu não estava calmo. Eu estava apavorado. Eu pensei: 'É isso, Douglas, é assim que você vai morrer. Você vai ser comido por malditas orcas-assassinas.' Eu não sei como eu tive coragem de fazer isso; eu acho que eu estava simplesmente entorpecido. Eu fiquei na água e ajudei todo mundo a subir no bote. Eu continuei apalpando minhas pernas para ver se eu ainda as tinha, porque eu tinha ouvido que você não sente a mordida, você só vê o sangue na água", afirmou ele ao The Guardian.

A situação era desesperadora: estavam centenas de quilômetros da terra firme com suprimentos limitados. Após alguns dias sem esperança de resgate imediato e com os mantimentos diminuindo rapidamente, começaram a consumir sangue de tartaruga como alternativa à água potável. Tentativas frustradas de pescar tartarugas resultaram finalmente em sucesso quando capturaram uma terceira tartaruga e beberam seu sangue para sobreviver.

"Eu a amarrei com uma corda. Nós a puxamos para bordo e cortamos sua garganta. Nós a sangramos em um copo e Dougal foi o primeiro a beber seu sangue. Nós olhamos para ele como se dissessem: 'Você vai morrer?' E ele disse: 'Não é salgado, podemos beber isso.' Era forte, mas doce. Nós pensamos que poderíamos viver de tartarugas. É carne vermelha, como bife", disse ele ao veículo internacional.

O tempo passou dolorosamente enquanto enfrentavam tempestades. Após mais de duas semanas no mar, avistaram um navio japonês. Inicialmente confundidos com piratas pelo capitão do Toka Maru II, foram reconhecidos como náufragos após lançarem seus últimos sinalizadores e conseguiram ser resgatados.

A família após o resgate - Arquivo pessoal

Depois de 38 dias à deriva, os Robertson retornaram ao Reino Unido. A experiência traumática impactou profundamente a família: Dougal escreveu um livro best-seller sobre o naufrágio intitulado "A Última Viagem da Lucette", mas seu casamento com Linda não resistiu à provação extrema e acabou em divórcio. Os filhos também enfrentaram desafios para se readaptarem à vida comum.