O soberano foi golpeado com uma espada, depois estrangulado e finalmente pisoteado até a morte
Há exatos 201 anos, em 23 de março de 1801, fazia muito frio na noite de São Petersburgo. Aquela seria a última noite da vida do Czar Paulo I, da Rússia, que foi brutalmente assassinado em um plano conspiratório para derrubá-lo do governo.
Paulo havia organizado um jantar no Castelo Mikhailovsky, com os membros da corte. Estavam entre os presentes na reunião, seu filho Alexandre, que na ocasião comia pouco parecia quase nada à vontade.
O rapaz sabia de toda a conspiração que estava prestes a acontecer - exceto, alguns historiadores apontam, que seu pai seria morto. Mas fato é que a manobra política do próprio filho não deixou Paulo I sair com vida.
A invasão nos aposentos reais
O assassinato do soberano ocorreu depois do jantar, quando o czar se retirou para seus cômodos particulares. Há relatos conflitantes sobre o que aconteceu depois, mas a maioria deles diz que um grupo de conspiradores liderados pelo general Leo Bennigsen e pelo conde von Pahlen, comandante militar da cidade, foram admitidos no palácio de modo bem discreto e silencioso.
Von Pahlen foi para os aposentos de Alexander, enquanto Bennigsen conduziu um grupo de guardas para a suíte do czar. Os conspiradores tinham tomado bastante bebida alcoólica.
Eles superaram a força de dois guardas, arrombaram a porta e entraram no quarto do soberano, que estava sob a iluminação de uma única vela e parecia vazio. Um dos membros da conspiração dissera, em código, que o Czar ( o pássaro) voou.
Porém, Bennigsen sentiu as roupas de cama e disse que ele não voara longe, pois o ninho ainda estava quente. E ele estava certo: Paulo I foi logo em seguida encontrado encolhido e amedrontado atrás de uma tela.
A seguir naquela madrugada, um pouco antes das uma da manhã, houve uma enorme briga na qual os conspiradores forçaram o Czar a se sentar em uma mesa e o obrigaram a assinar um documento de abdicação ao trono.
Paulo I resistiu à agressão, mas um dos oficiais o golpeou com uma espada; depois; foi estrangulado com um lenço e pisoteado. O soberano não resistiu à brutalidade e morreu.
Os motivos para o assassinato
Quando ainda era vivo, Paulo I não era muito próximo à sua mãe, Catarina, a Grande ( alguns diziam que ele até a odiava). Ele apoiou muito mais seu pai, Pedro III, e se tornou um líder político rigoroso que tentava de tudo para desfazer as reformas instauradas por Catarina.
Quando assumiu o trono da Rússia em 1797, sucedendo à sua mãe, ele até anistiou seu desafeto Radishchev. Proibiu o uso de chapéus redondos e ternos à francesa e deu também ao pai, Pedro III, um enterro digno da realeza. Os planos de Catarina foram completamente apagados.
Os nobres responderam às mudanças impostas por Paulo I de modo extremamente sério. Montaram então a conspiração, que teve o sucesso de matar e eliminar de vez o soberano do trono.
A personalidade do monarca era considerada a de um tirano paranóico e talvez a própria loucura dele tenha contribuído para sua morte, já que ele sempre fora desconfiado. Isso incentivou a corte a se tornar um verdadeiro grupo de espiões, que informavam uns aos outros sobre os segredos de estado.
Na manhã seguinte à morte de Paulo I, seu filho, Alexandre I, foi coroado o novo czar da Rússia, aos 23 anos de idade. Quatro gerações depois, outros assassinatos também ocorreriam na realeza do país. O czar Nicholas II, assim como toda sua família, foi assassinado em 1917, ano da Revolução Russa.