Comissão da verdade na Coreia do Sul revelou recentemente violações de direitos humanos em mais de 50 casos de adoção; entenda!
Publicado em 27/03/2025, às 08h19
Uma comissão da verdade na Coreia do Sul revelou nesta quarta-feira, 26, que durante décadas agências de adoção do país enviaram crianças para outros lugares do mundo como se fossem "bagagem". Além disso, algumas foram até mesmo registradas como órfãs, mesmo ainda possuindo pais — e, quando bebês morriam antes da viagem, outras crianças eram enviadas no lugar.
Após dois anos investigando e apurando o caso, a Comissão de Verdade e Reconciliação recomendou, agora, que o governo coreano emitisse um pedido de desculpas oficial. Vale mencionar ainda que o relatório também sugere a realização de novas investigações, que podem revelar ainda mais casos, e medidas de reparação para vítimas.
Conforme repercute o g1, foram encontradas violações de direitos humanos em pelo menos 56 casos, dentro de um grupo de apenas 367 crianças que foram enviadas ao exterior para adoção entre 1964 e 1999. Elas foram enviadas para serem adotadas em 11 países, que incluem Estados Unidos, França, Dinamarca e Suécia.
O relatório divulgou ainda uma foto de 1984, em que podem ser vistos bebês enrolados em cobertores e presos a assentos de avião. Na época, a imagem foi publicada com o título "Crianças enviadas ao exterior como bagagem". O documento também pontua que agências de adoção do país tinham que cumprir metas mensais de envio, que eram estabelecidas por instituições de estrangeiras.
Por quase 50 anos após a Guerra da Coreia, o governo priorizou a adoção internacional como uma alternativa de baixo custo ao fortalecimento das políticas nacionais de bem-estar infantil", afirma a comissão no relatório.
A acusação da comissão foi de que autoridades da época não fiscalizaram o sistema adequadamente, e nem impediram as irregularidades descritas. Também foram identificados registros fraudulentos de crianças órfãs, além de falhas na seleção de famílias adotivas e falsificação de identidades.
A comissão também recomendou no documento que, além do pedido de desculpas, fosse feito um levantamento sobre a situação de cidadania das crianças adotadas irregularmente, e que fossem criadas medidas para reparar vítimas.
"Essas violações nunca deveriam ter ocorrido", afirmou, por fim, a presidente da comissão, Park Sun-young. "Precisamos nos unir — tanto os países que adotaram quanto os próprios adotados — para lidar com as crises de identidade que muitos enfrentam".