Em 2019, detalhes da investigação revelou o que acontecia no tétrico local
No ano de 2019, detalhes de uma operação feita em Phoenix, nos EUA, relembraram um caso insólito ocorrido em janeiro de 2014. Naquele ano, o FBI invadiu o Centro de Recursos Biológicos, nos EUA, e descobriu um cenário perturbador no local que recebia corpos de pessoas que faleceram.
Ao invadirem o local, as autoridades encontraram um cenário que parecia ter sido tirado de um filme: em um depósito, encontraram uma geladeira que preservava membros do corpo humano, sangue e até mesmo uma cabeça que estava costurada num outro corpo.
Naquele dia, as autoridades envolvidas se depararam com 10 toneladas de restos mortais humanos congelados, o que englobava um total de 281 cabeças, 337 pernas e 241 ombros.
Os documentos que envolvem o caso foram explanados pelo The Arizona Republic em 2019, que tiveram acesso a uma ação civil contra a companhia que revelou o cenário bizarro.
O 12news, que fez um podcast sobre o caso em 2021, destacou que o dono da companhia, Stephen Gore, assumiu em 2015 a culpa do manuseio incorreto dos corpos. Segundo ele, a empresa, de fato, forneceu tecidos de corpos contaminados, além do uso não ter seguido o que os doadores acreditavam que aconteceria quando aceitaram ceder os cadáveres.
A empresa alegava que os corpos recebidos seriam utilizados apenas na pesquisa de doenças, algo comum na medicina. No entanto, o destino dos corpos era perturbador: a companhia foi acusada de desmembrar e os restos mortais sem o mínimo de cuidado, além de vender órgãos ao redor do mundo.
"Eu não conseguia dormir à noite depois de ver isso", disse à Reuters Matthew Parker. Ele era um dos agentes envolvidos na invasão do local e optou por se aposentar diante do distúrbio de estresse pós-traumático como consequência do bizarro episódio.
Mark Cwynar, antigo agente do FBI, descreveu o cenário encontrado. Ele disse que os corpos pareciam ter sido tratados como uma 'piada mórbida'. O ex-agente disse ter se deparado com a cabeça de um corpo feminino costurada num enorme corpo de um homem, este pendurado na parede.
Ainda sobre a venda dos corpos, a acusação presente no documento até mesmo listou preços que seriam ofertados pelos membros dos corpos. Por exemplo, o corpo inteiro - que não contava com ombros ou a cabeça - poderia ser comprado por 2.900 dólares. Já o torso com a cabeça era avaliado em 2.400 dólares.
Quanto a perna, por exemplo, aqueles interessados na compram poderiam desembolsar 1.100 dólares, enquanto o pé inteiro fora avaliado em 450 dólares e o joelho em R$ 375.
Em 2017, a agência de notícias Reuters, investigou que a empresa conseguiu doações de mais de 5 mil pessoas. Quanto às partes dos corpos humanos, mais de 20 mil tiveram como destino foram distribuidos em instalações de pesquisa ou treinamento médico.
No tribunal, em 2019, 10 dos 21 demandantes tiveram uma resposta do caso. Eles receberam 58 milhões de dólares através de uma ação movida contra o dono e a empresa. Desse valor, 50 milhões em danos punitivos e 8 no que se refere aos danos compensatórios.
Uma das pessoas afetadas pelas atividades ilegais foi Gwen Aloai, que doou o corpo do marido. A investigação revelou que o corpo dele foi desmembrado, sendo revelado em diferentes estados.
Gwen Aloai, que recebeu US$ 5,5 milhões, disse que o corpo doado de seu marido foi desmembrado e suas partes foram descobertas em diferentes estados.
Meu coração está partido. Você conhece essas pessoas durante todo o julgamento. Pessoas que eu nunca conheci antes, os outros queixosos e há algumas pessoas gentis, doces e adoráveis que foram totalmente aproveitadas", desabafou ela em novembro de 2019.