Joseph Goebbels usava seu poder e influência para conseguir o que desejava
Rodrigo Trespach, historiador e escritor; autor de Personagens do Terceiro Reich Publicado em 28/02/2021, às 10h00
Há 100 anos, o mago da propaganda nazista completava o doutorado em filosofia. Sim, Joseph Goebbels (1897-1945), o odiado ministro de Hitler, tinha uma carreira acadêmica até se juntar à camarilha do ditador.
Infelizmente, instrução formal e titulação elevada não são garantias de iluminação. Filho de um empregado de uma fábrica de velas, Goebbels estudou história e literatura, e obteve o título de doutor em 1921.
Nesta época, ele ainda não desenvolvera o antissemitismo virulento que marcaria seus discursos durante a era nazista. Enquanto esteve na universidade, Goebbels se relacionou com uma professora judia e foi pupilo de professores judeus, como Friedrich Gundolf e Max Walberg, seu orientador no doutorado.
Alguns anos mais tarde, porém, Hitler entrou em sua vida. E Goebbels passou a acreditar piamente que o ex-cabo do Exército e pintor fracassado era um “gênio político”.
Excelente orador e hábil na articulação da propaganda política, quando os nazistas subiram ao poder em 1933, Goebbels passou a controlar a maioria dos jornais alemães e a censura sufocou qualquer discurso independente. A UFA, a grande produtora de filmes alemã, passou a fazer filmes que propagavam o antissemitismo e exaltavam o ideal nacional-socialista de “raça superior”.
Goebbels, no entanto, estava longe de ser o alemão ideal que seu ministério da Propaganda pregava no cinema. Não era louro, tinha estatura baixa e usava aparelho ortopédico para corrigir o coxear da perna direita e os pés tortos.
Orgulhoso, arrogante, mesquinho, rancoroso e vingativo – não por menos, era chamado de “anão peçonhento” –, Goebbels usava seu poder e influência para conseguir o que desejava, de carros esportivos e iates a casarões de luxo e estrelas do cinema.
Mesmo quando talentosas, para trabalhar em Babelsberg, onde ficavam os estúdios da UFA, as atrizes precisavam ceder aos caprichos sexuais do ministro, “o bode de Babelsberg”.
Uma de suas amantes mais famosas foi a atriz tcheca Lida Baarova (1914-2000). O romance acabou por intervenção direta de Hitler, que estava preocupado com a repercussão negativa que a separação do ministro pudesse ter na opinião pública.
A família de Goebbels era a própria imagem da família alemã. Sua mulher, Magda Quandt (1901- 1945), era considerada a esposa modelo nazista, a primeira-dama do regime. Tinha características físicas “puramente alemãs” e dera a Goebbels muitos
filhos, o que atendia aos requisitos do ideal nacional-socialista de mulher e mãe reprodutora.
Ironicamente, ela guardava um dos maiores segredos do Terceiro Reich: seu pai biológico era um comerciante judeu com quem a mãe tivera um romance e acabaria morrendo no campo de concentração de Buchenwald.
O homem que pregou abertamente a eliminação da comunidade judaica, a escravização dos povos do Leste e a guerra total permaneceu leal a Hitler até o fim. Com o suicídio do ditador e o fim do Terceiro Reich, o casal Goebbels envenenou os seis filhos e se matou. O ato final de uma vida dedicada ao mal.
Além de Adolf Hitler, outros personagens do Terceiro Reich influenciaram nos rumos da grande guerra, como retrata a obra Personagens do Terceiro Reich ― A história dos principais nomes do nazismo e da Alemanha na Segunda Guerra Mundial, do historiador Rodrigo Trespach.
Em uma nova abordagem, o autor revela detalhes de um dos tempos mais sombrios da História, a partir da biografia de diversas pessoas cujas trajetórias se cruzaram neste período.
Da ascensão do regime nazista até a vitória dos Aliados, Trespach revela os principais nomes que possuíam relação ― direta ou indiretamente ― com o Terceiro Reich.
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