Responsável por diversas informações falsas divulgadas pelo Ministério, Pomsel decidiu divulgar os horrores do político no fim de sua vida
Bunhilde Pomsel foi uma figura de destaque no gabinete do Ministro da Propaganda da Alemanha Nazista, Joseph Goebbels, no fim da Segunda Guerra Mundial. Complacente com a rede de distorções oferecida pelo político, ela testemunhou boa parte do aparelho de governo de Hitler e das atrocidades da máquina de informações do Reich. Também serviu de secretária para Goebbels.
Pomsel era berlinense nascida em 1911, trabalhando inicialmente com estenografia (redatora de mensagens criptografadas). Foi datilógrafa de um advogado judeu ao mesmo tempo em que redigia os textos de um nacionalista de ultradireita politicamente ativo. Suas conexões com esse círculo possibilitou que, com a ascensão do nazismo, ela encontrasse uma posição de destaque.
Então, em 1933, ela se filiou ao Partido Nazista, que tomara o poder, e passou a trabalhar como radialista numa estação próxima ao gabinete do Chanceler. Lá, cresceu na carreira até que, em 1942, plena guerra, ela foi indicada por um amigo influente para trabalhar no Ministério da Propaganda, onde se tornou secretária pessoal de Goebbels.
Então, ela começou a liderar a equipe de taquigrafas do ministro, além de estar em contato direto com sua agenda de compromissos. Pomsel tinha um papel central na equipe ligada à propaganda de guerra do Ministério, sendo inclusive responsável por parte das mentiras propagadas por Goebbels no fim da guerra, no intuito de diminuir o moral dos inimigos.
Goebbels, um dos principais aliados ideológicos de Adolf Hitler, foi responsável por uma rede de propagandas e anúncios de guerra que tinham como objetivo a manutenção da doutrinação militarista e racista do governo alemão, enfatizando uma série de mentiras desenvolvidas para a felicitação do projeto hitlerista. Sua equipe, consciente da projeção de distorções da realidade e disseminação do antissemitismo do órgão, tinha posição de destaque no governo.
Segundo a jornalista Kate Connoly em um texto ao The Guardian, Brunhilde era responsável por ações midiáticas como “minimizar estatísticas sobre soldados mortos, bem como exagerar o número de estupros de mulheres alemãs pelo Exército Vermelho”. Testemunha das atrocidades dos nazistas no campo da fala e propaganda, ela foi elemento ativo das distorções do gabinete de Goebbels.
Por sua colaboração com os nazistas, Pomsel foi sentenciada a cinco anos de prisão, após a tomada de Berlim em 1945. Capturada pela Inteligência Secreta da URSS, ela ficou esses anos encarcerada em três campos de concentração tomados pelos Aliados, sendo liberada em 1950. Então, ela se mudou para o lado ocidental do país, comandado pela ocupação das potências estrangeiras capitalistas.
Ela, então, trabalhou mais 21 anos como radialista na Alemanha Ocidental, aposentando-se em 1971. Após deixar de trabalhar, ela passou a desenvolver um projeto de divulgação dos podres do antigo Ministro Goebbels, passando a falar publicamente contra a figura em 2011 (então aniversário de 100 anos dela). Concedeu uma entrevista que deu origem ao documentário A German Life, com diversas acusações sobre o regime nazista.
Vivendo o fim da vida em Munique, ela revelou antes da morte uma paixão que teve por um jovem judeu de sobrenome Kirchbach, com quem planejava fugir da Alemanha nos anos 1930. Em 1936, ele teria se exilado em Amsterdã, onde Pomsel o visitava regularmente.
Brunhilde Pomsel viveu até os 106 anos de idade, falecendo em 2017. Foi responsável por uma série de denúncias inéditas, a partir de sua experiência pessoal no Ministério da Propaganda do Terceiro Reich, do que ela chamou de “sua falta de remorso e o lado privado de seu chefe monstruoso ".
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