Data histórica completa 200 anos no próximo dia 7 de setembro. Mesmo assim, algumas figuras importantes são esquecidas ainda hoje
Daqui cem dias, no próximo 7 de setembro, será celebrado os 200 anos da Independência do Brasil. A data, uma das mais importantes de nossa história, marca o início do Império do Brasil e da monarquia comandada por Pedro de Alcântara, o Dom Pedro I.
Entretanto, ao contrário do que muitos pensam, Pedro I não foi a única pessoa responsável por esse importante episódio, muito pelo contrário, a libertação brasileira das amarras portuguesas só foi possível graças a luta — direta ou indireta — de diversos personagens, muitos dos quais permanecem ‘anônimos’ até hoje.
Conselheiro de Dom Pedro I e membro de sua comitiva, o vigário Belchior Pinheiro de Oliveira é tido por muitos historiadores como personagem chave na Independência do Brasil.
Além de todo o registro histórico que fez daqueles tempos, Belchior esteve ao lado do Imperador quando ele bradou por nossa liberdade. Na ocasião, Pedro I havia recebido cartas ameaçadoras da corte portuguesa.
“E agora, padre Belchior?”, indagou Dom Pedro. “E eu respondi prontamente: ‘Se Vossa Alteza não se faz rei do Brasil será prisioneiro das Cortes e, talvez, deserdado por elas. Não há outro caminho senão a independência e a separação’”, relatou em seus escritos.
E assim Pedro I fez. “De hoje em diante estão quebradas as nossas relações; nada mais quero com o governo português e proclamo o Brasil, para sempre, separado de Portugal", declarou o imperador.
Último movimento separatista do período colonial, a Revolução Pernambucana, de 1817, foi importante por mostrar a insatisfação dos brasileiros diante da presença da coroa portuguesa em diversos pontos estratégicos de nosso país, como em polos políticos, econômicos e militares.
Dentro do movimento, dois nomes são de suma importância: Frei Caneca e Domingos José Martins. O primeiro foi um dos líderes da Revolução e, posteriormente, também esteve à frente da Confederação do Equador — revolta de 1824 que lutou contra a constituição conservadora outorgada por Pedro I.
Já José Martins foi um dos mentores da Revolução Pernambucana. Por não concordar com o aumento do custo de vida no Nordeste devido a cobrança de impostos da família real portuguesa, ajudou a disseminar ideais libertários em reuniões pelo Rio de Janeiro, Salvador e Recife.
Catequizado pelas missões jesuíticas, o índio guarani Sepé Tiaraju é considerado um herói da Guerra Guaranítica. Entre 1753 e 1756, nativos guaranis lutaram contra colonizadores espanhóis e portugueses.
Com horror à escravidão, Tiaraju acabou dando a vida em busca de colocar um ponto final ao controle daqueles que tentavam dominar suas terras. Embora tenha tido uma morte dolorosa, se tornou mártir do anticolonialismo europeu nas Américas e sua figura é venerada como santo no Rio Grande do Sul.
Notável escritor e político brasileiro, José de Alencar foi fundador do romance de temática nacional e também patrono da cadeira fundada por Machado de Assis na Academia Brasileira de Letras. Mas o que poucos sabem é que sua avó, Bárbara de Alencar, tem uma grande importância política no Brasil.
Considerada heroína da Revolução Pernambucana e da Confederação do Equador, Bárbara foi matriarca de uma família de revolucionários nordestinos. Presidente da República do Crato, em 1817, lutou por ideais separatistas e é considerada a primeira presa política do país.
Religiosa concepcionista baiana e pertencente à Ordem das Reformadas de Nossa Senhora da Conceição, Joana Angélica de Jesus também é considerada mártir da Independência do Brasil.
Para barrar o autoritarismo português, a abadessa do Convento da Lapa se pôs à porta principal do claustro e ordenou que as irmãs fugissem pelos fundos da construção.
“Detende-vos, bárbaros, aquelas portas caíram aos vaivéns de vossas alavancas, aos golpes de vossos machados, mas esta passagem está guardada pelo meu peito, e não passareis, senão por cima do cadáver de uma mulher!”, bradou.
Entretanto, acabou assassinada por um golpe de uma baioneta de um soldado naquele 19 de fevereiro de 1822 — quando tinha 60 anos. À época, os portugueses suspeitavam que freiras escondiam adversários.