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Matérias / Personagem

William Kamkwamb, o jovem que revolucionou o estilo de vida de seu vilarejo com as próprias mãos

Após frequentar a biblioteca da vila e diante uma drástica seca, o garoto desenvolveu uma tecnologia que desconhecia até então

Nicoli Raveli Publicado em 02/04/2021, às 14h00 - Atualizado em 05/04/2022, às 16h18

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William Kamkwamba junto de sua construção - Divulgação/Ted Talk
William Kamkwamba junto de sua construção - Divulgação/Ted Talk

Nascido no pequeno vilarejo de Malawi, na África, William Kamkwamba cresceu em uma família simples, cuja renda provinha essencialmente da agricultura de subsistência. Por isso, inclusive, o garoto sempre sentiu-se diferente dos outros meninos de sua idade, já que, desde pequeno, seguia os passos do pai em busca de outras fontes de renda.

Diante de uma grande seca foi afastado da escola, e disposto a ajudar seus parentes e o vilarejo em que vivia, Kamkwamba passou a coletar materiais recicláveis.

"Essa seca fez faltar alimento em todo o país. Ninguém conseguia plantar o suficiente para comer. As pessoas começaram a passar fome. Muitos moradores aqui perto de Wimbe morreram de inanição", revelou Kamkwamba em entrevista à Galileu.

Meus vizinhos e minha família fomos forçados a cavar o solo para achar raízes e cascas de banana, qualquer coisa para forrar o estômago. A taxa para minha escola era 80 dólares por ano. Por causa da situação, meu pai não conseguia pagar, tive que para de estudar com 14 anos", narrou.

Todavia, o garoto não se conformava com uma vida longe dos livros. Isso o levou a procurar uma biblioteca na vila de Malawi. Lá, sua vida mudou completamente ao descobrir o amor pela eletricidade.

Durante seus primeiros meses de estudo, o jovem se tornou um pequeno empreendedor. Em sua empresa, o africano consertava diversos rádios dos moradores da vila. Mas ainda não era suficiente para ajudar em casa.

Seu trabalho não resultava em uma renda fixa e, como consequência, Kamkwamba retornou aos estudos na biblioteca a fim de encontrar outros ensinamentos sobre eletricidade.

Em sua busca, o homem se deparou com o livro Using Energy, que o levou a um pensamento e sonho valioso: improvisar uma turbina eólica. Apesar de não ler inglês muito bem, William se baseou em diagramas e ilustrações para assimilar as palavras. Como consequência, conseguiu aprender o básico da física.

William Kamkwamba ao lado de sua construção, um moinho de vento

A fim de dar vida a sua ideia, ele criou uma pequena turbina a partir da utilização de um dínamo — uma máquina que transforma energia dinâmica em elétrica — que foi capaz de acionar determinados aparelhos eletrodomésticos em sua casa.

Não demorou muito para que sua criatividade chamasse a atenção dos moradores e também de jornais locais e internacionais. "Era suficiente para acender uma lâmpada. Mais tarde, meu primo achou uma bateria de carro na estrada. Demos uma carga nela, e conseguimos energia para manter quatro lâmpadas e dois rádios. As pessoas faziam fila para carregar seus celulares", revelou.

Era uma revolução para o local que vivia. Isso porque na época, muitos lugares cobravam, por exemplo, para que as pessoas pudessem carregar seus celulares. Diante de sua invenção, passou a ser de graça. 

Em pouco tempo, a história do jovem foi reconhecida pelo The Daily Times, que escreveu sobre a turbina eólica do africano. Esse foi o primeiro passo para que o homem se tornasse mundialmente conhecido.

Em contato com a matéria produzida pelo Times em 2006, Emeka Okafor, diretor da conferência Technology, Entertainment, Design (TED), decidiu convidá-lo para ser um dos palestrantes do TEDGlobal de 2007, na Tanzânia.

Durante seu discurso, William contou sua história e os detalhes da invenção, fazendo com que a plateia se emocionasse. Em meio à tantas pessoas, o jovem teve uma surpresa: alguns empresários se dispuseram pagar por sua educação.

A promessa foi cumprida e Kamkwamba, extramamente dedicado, foi aceito na Christian Bible College Christian Academy, em Lilongwe. Posteriormente, o homem ainda ganhou uma bolsa de estudos na African Leadership Academy e formou-se através do Dartmouth College em Estudos Ambientais.

Todavia, sua fama não parou por aí. Em 2011, William e o jornalista Bryan Mealer decidiram contar a história através da publicação do livro The Boy Who Harnessed The Wind. Na época, o jovem não esperava que o feito fosse gerar tanto sucesso. 

A Universidade da Flórida, de Auburn e de Michigan passaram a utilizar seu livro como parte da base escolar. Ou seja, todos os alunos teriam contato com sua história. Quando o africano descobriu a novidade, entrou em contato com as universidades e ofereceu palestras para discutir sobre sua obra — e também sobre sua vida.

Além de conquistar espaço na trajetória de diversos jovens estudantes, o livro de William foi escolhido para participar do programa no qual os moradores do Condado de Loudoun leriam a obra em grupo e iniciariam um debate.

Kamkwamba e Bryan Mealer em sessão de autógrafos / Crédito: Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons

Reconhecimentos

Diante tamanho sucesso, a revista Time intitulou, em 2013, o homem da turbina eólica como uma das 30 pessoas com menos de 30 anos que mudaram o mundo.

No mesmo ano, a história de Kamkwamba ainda foi tema do documentário 'William and the Windmill'. As filmagens foram um sucesso, o que resultou no Grande Prêmio do Júri de Melhor Documentário no festival de cinema South By Southwest, no Texas.

Já em 2014, o morador de Malawi foi condecorado como membro da Sociedade de Honra da Universidade da Pensilvânia, onde pôde conviver com diversas pessoas que foram responsáveis por realizações singulares que foram benéficas ao mundo.

Naquele momento, seu reconhecimento parecia ter chegado ao fim. No entanto, em 2019, Chiwetel Ejiofor decidiu dar vida ao filme The Boy Who Harnessed the Wind, um drama britânico que foi inspirado no livro de William e Bryan Mealer.


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