O assassino liderava uma seita de criminosos violentos que aterrorizaram viajantes do centro norte da índia no início do século 19
No fim do século 18 e começo do 19, viajantes do centro norte da índia eram extremamente cuidadosos ao andarem pelas estradas em períodos noturnos. O clima sombrio e de medo exigiu que, por precaução, as viagens ocorressem somente em grupos grandes.
Em tese, um alto número de transeuntes ofereceria maior segurança. Mas, esse nem sempre era o caso: inevitavelmente, centenas de vítimas foram atacadas pela gangue Thuggee, liderada por Thug Buhram Jemedar, conhecido como "o rei dos bandidos".
O reinado de crimes do assassino, que é considerado o serial killer mais mortal da história, começou quando a Índia colonial se dividia em uma vasta gama de tribos, crenças e costumes. Cultos obscuros com rituais horríveis prosperavam em lugares remotos. A fome recorrente, doenças e a pesada carga tributária imposta pela Companhia das Índias Orientais levaram muitos à pobreza e ao crime. Foi fácil adquirir aliados dispostos a matar.
Seita secreta
Jemedar liderou um grupo criminoso que adorava a deusa da morte, Kali. Os seguidores faziam uma interpretação macabra da divindade do hinduísmo. O sangue das vítimas da seita era dado em oferendas à figura, que era sempre muito bem alimentada.
Os crimes ocorriam do seguinte modo: primeiro, os bandidos abordavam os viajantes como quem não quer nada, fingindo serem intérpretes ou comerciantes; depois, a carnificina começava, com um homem agarrando os braços da vítima e outro, as suas pernas.
Enquanto isso, um terceiro elemento estrangulava o pobre alvo com um pano de seda, até a morte. Por fim, os pertences do morto eram saqueados. Em uma única noite, os bandidos exterminavam centenas de pessoas, sempre do mesmo modo, finalizando tudo com um sacrifício.
Somente nessas empreitadas, Jemedar estrangulou 931 indivíduos, sendo o mais mortal dos bandidos. Porém, tais informações são contestadas: segundo o livro de Mike Dash, Thug: The True Story of India’s Murderous Cult, o indiano teria sido responsável por "somente" 125 destes assassinatos (o que ainda é muito).
Vida
Não se sabe ao certo quando Thug Buhram Jemedar nasceu. Estima-se que foi por volta da década de 1760, no norte da Índia. Como muitos outros criminosos, ele pode ter sido criado dentro da própria gangue Thuggee, na qual virou líder mais tarde.
A criminalidade era hereditária, ou seja, transmitida de pai pra filho. Seja ou não parte de um "negócio" familiar, era inegável que Jemedar foi um estrangulador habilidoso. Usava uma faixa de pano, que carregava na cintura. E tinha um truque diferente: usava um medalhão pesado.
O objeto era arremessado no pomo de adão da vítima, fazendo com que a compressão do pano fosse reforçada com uma força mortal. Desse modo cruel, seus crimes ocorreram com sucesso, entre os anos de 1790 e 1840.
Declínio
Na década de 1830 para 1840, a era de ouro dos bandidos da Índia estava chegando ao fim. Os britânicos, que colonizaram a região, começaram a fiscalizar os Thuggees. Antes, os colonos estavam alheios às estradas e às zonas pouco povoadas, pois estavam ocupados em se focar nas cidades.
Mas a onda de crimes nas áreas remotas chamou atenção. O trabalho de investigação responsável por desmascarar os Thuggees foi liderado pelo superintendente William Henry Sleeman.
O soldado baseou seu trabalho em delações premiadas: enquanto um membro denunciava o outro, certa imunidade era concedida a bandidos informantes. As traições dentro das próprias gangues desestabilizaram vários cultos criminosos. Ao longo de dez anos, os Thuggee foram de desmantelando.
A história de Thug Buhram Jemedar acaba em mistério, com a morte dele, em 1840. Alguns dizem que o assassino em série foi enforcado, outros, que foi libertado em troca de seu testemunho e simplesmente desapareceu sem deixar rastros.
A gangue do serial killer ficou sem líder e foi extinta. Nos últimos anos, a visão de que os thugees eram apenas uma invenção britânica, para aumentar o domínio dos ingleses na Índia, ganhou credibilidade na própria nação asiática, na França e nos Estados Unidos.
Porém, alguns historiadores, como o pesquisador Mike Dash, questionam essa afirmação. É difícil concluir, portanto, o quanto da história do assassino é realmente verdadeira. Os relatos de sua vida podem ser uma mistura de verdade e ficção. A pausa na onda de homicídios do serial killer pode ter até enfurecido ou deixado a deusa Kali faminta - mas a ganância, essa sim, é um apetite voraz que permanece até hoje na história da criminalidade.
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