Estudo de 2020 teorizou sobre quais seriam os métodos utilizados pelos maias, astecas e outros para a remoção do órgão, que era entregue em oferenda ao deuses
Uma pesquisa divulgada em 2020 pela revista Current Anthropology abordou os sacrifícios humanos que ocorreram na América Central e do Norte Pré-Hispânicas, a partir da análise de fragmentos de corações preservados após serem retirados das vitimas e seus esqueletos.
A partir dos dados, os autores estabeleceram três métodos principais de extração: corte direto abaixo das costelas, incisões entre elas e rasgo da região do esterno para o acesso ao coração.
O trabalho, articulado por Vera Tiesler, da Universidad Autonoma de Yucatán, e Guilhem Olivier, da Universidade Autonoma do México, partiu de uma conduta interdisciplinar que cruzou os dados arqueológicos e anatômicos com fontes históricas diversas., abordando mais de 200 casos. Com isso, puderam elucidar mais sobre essa prática corrente no México e na América Central, que tinha ligação com a cosmogonia e a harmonia do universo para esses povos.
Complexos e estruturados, essas práticas eram, ao mesmo tempo, uma maneira religiosa das sociedades se apaziguarem com alguns deuses e uma forma do poder se manter estabelecido através da intimidação popular. Segundo os autores, os tipos de sacrifício e os instrumentos utilizados variavam entre as sociedades que praticavam os rituais.
Em uma análise mais reflexiva, os autores concluíram novos conceitos em relação à noção mesoamericana sobre o corpo humano como matéria vitalizadora nesses rituais: como alimento aos deuses, eles serviam em atos de obrigação e encenação social, ao mesmo tempo em que demonstravam reciprocidade para com os deuses. O coração era uma oferta para a subsistência de divindades do sol e da terra, em reconhecimento aos seus sacrifícios na criação do universo.