Viajando a países da Ásia e Oriente Médio, o grande cientista registrou comentários questionáveis sobre os povos locais
Entre outubro de 1922 e março de 1923, enquanto viajava por países da Ásia e Oriente Médio com sua esposa Elsa, Albert Einstein escreveu seus pensamentos em alguns diários. Após irem da Espanha ao Oriente Médio, eles passaram pelo Ceilão, China e Japão, deixando registrados pensamentos um tanto questionáveis sobre os povos locais.
No ano de 2018, os diários de Einstein foram publicados pela Princeton University Press com o nome “The Travel Diaries of Albert Einstein: The Far East, Palestine, and Spain, 1922-1923” (Os Diários de Viagem de Albert Einstein: O Extremo Oriente, Palestina e Espanha, 1922-1923, tradução livre).
Comentários polêmicos
Após chegar à cidade de Porto Said, no Egito, o físico registrou ter se deparado com "levantinos de todas as tonalidades, como se fossem vomitados do inferno”. Ele estava se referindo aos povos do Levante, região extensa do Oriente Médio, que entravam no navio para comercializar produtos. Seu susto com a população do Ceilão não foi menor, quando ele comentou que o povo "vive com uma grande imundície e considerável fedor no chão".
Entretanto, os comentários mais racistas se concentram no povo Chinês. Para ele, as crianças de lá eram “sem espírito e obtusas” e seria "uma pena se os chineses suplantassem todas as outras raças". O país era uma "nação peculiar com cara de rebanho", onde homens e mulheres tinham poucas diferenças entre si e eram “mais parecidos com autômatos do que com gente".
Mudanças
Em 1933, após se mudar para os Estados Unidos fugindo do nazismo, Einstein veria de perto a segregação entre negros e brancos em espaços públicos. Tempos depois, ele se juntaria à Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor, contribuindo ativamente para a diminuição da intolerância racial no país.
Para Chris Buckler, da BBC News, os diários de Einstein “demonstram como as próprias opiniões do cientista sobre raça parecem ter mudado ao longo dos anos”.
Em 1946, discursando na Lincoln University, na Pensilvânia, uma universidade historicamente negra, o cientista descreveria o racismo como uma "doença de pessoas brancas", admitindo a intolerância da qual ele mesmo havia sido protagonista. "Os escritos podem ter sido concebidos como reflexões pessoais e privadas. Foram reações instintivas”, afirmou ainda Buckler.
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