Em 18 de março de 1882, um ladrão entrou no Palácio da Quinta de São Cristovão e furtou os pertences da monarca — o caso acabou de maneira inusitada
No dia 17 de março de 1882, a Imperatriz Teresa Cristina comemorava alegremente seu aniversário. Após o baile em sua homenagem, quando todos foram dormir, um ladrão entrou no Palácio da Quinta de São Cristovão, no Rio de Janeiro, roubando todas as joias pessoais da senhora, em um crime que parecia enredo de um filme de ação.
As joias não pertenciam ao império, mas eram do acervo pessoal de Teresa. Todas foram adquiridas por meio de herança ou presente de seus familiares e amigos. Os seus pertences estavam avaliados em 900 contos de réis, que equivale a aproximadamente ao total de R$ 85 milhões de reais, em valores atuais.
As relíquias eram guardadas em dois cofres dentro da morada real. O que deixou o caso ainda mais curioso, pois seria impossível que alguém sozinho conseguisse não só apenas invadir o lugar, mas também pegar todos os pertences que havia lá dentro.
Este foi só o começo de uma novela altamente falada nos veículos da época, pois foi a primeira vez que a família imperial brasileira parecia tão exposta e vunerável. A imagem da realeza já estava bastante fraca na época, Dom Pedro II já era chamado pelas ruas cariocas como Pedro Banana e sua mulher era conhecida por ser ciumenta e mandar em seu marido. A população se indagava “Como as pessoas que suspotamente deveriam cuidar da população, não conseguem nem cuidar de um furto que aconteceu em seu próprio quarto?”.
Os ornamentos foram usados durante a festança em comemoração a Cristina, assim que acabou o evento, o casal seguiu para Petrópolis. Os objetos foram entregues a Francisco de Paula Lobo, funcionário real que tinham sido contratados apenas para que guardasse em segurança.
Francisco procurou durante algum tempo as chaves do cofre, mas só com a ajuda de outro serviçal, Pedro Paiva, encontrou uma maneira de colocá-las em um local seguro. O plano dele era colocar os objetos nos aposentos reais e guardar em uma caixa num armário normal. Horas depois, o baú sumiu.
Dias após o ocorrido, por meio de uma carta anônima, descobriram a localização exata das joias, estavam dentro de latas de biscoito, enterradas em um lamaçal, no quintal dos fundos da casa do suspeito. Chegando ao terreno, os policiais cavaram e logo encontraram o tesouro: dezenas de artigos raros e com muito valor comercial, entre eles pulseiras, tiaras, colares, todos em ouro e incrustados de pedras preciosas.
As investigações levaram a um nome: Manuel Paiva, irmão de Pedro Paiva, detentor das chaves do cofre da coroa. Os dois foram presos e torturados dentro da cadeia.
Apesar de ser dona de um grande acervo de preciosidades, a mídia da época zombava da Imperatriz por sua simplicidade e falta de cuidado na maneira na qual se portava ao público, dizendo que se vestia de maneira igual a de uma senhora de classe média.
A maioria das joias particulares de Teresa foram leiloadas ou roubadas pelos militares após o Golpe de 1889. Já as peças oficiais da coroa foram totalmente saqueadas no mesmo período.
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