Apesar de Lee Harvey Oswald ter sido apontado como responsável pela morte de John F. Kennedy, outras pessoas tinham o presidente como alvo
Publicado em 21/11/2021, às 00h00 - Atualizado em 22/11/2023, às 09h52
Mesmo após quase seis décadas, as autoridades americanas pouco fizeram para reprimir o interesse público ou acabar com o ceticismo da população sobre um dos episódios mais controversos da história do país: o assassinato de John Fitzgerald Kennedy, em 22 de novembro de 1963.
No ano seguinte a fatalidade, a Comissão Presidencial sobre o Assassinato do Presidente Kennedy, conhecida popularmente como Comissão Warren, concluiu queJFK foi morto por um único atirador, Lee Harvey Oswald, que agiu sozinho e não fazia parte de nenhuma conspiração.
Pouco mais de uma década depois, em 1978, outra comissão do governo, o Comitê de Assassinatos da Câmara dos Representantes, concluiu que, segundo aponta a ABC News, além de Lee Harvey, provavelmente, existiria um segundo atirador.
A comissão concluiu, então, que havia uma "conspiração", mas não foi capaz de determinar quem estava por trás — o que abriu uma lacuna para que diversas especulações surgissem.
Em 2003, a rede ABC realizou uma pesquisa que aponta que 70% dos americanos acreditavam que a morte de JFK foi “resultado de um complô, não o ato de um assassino solitário”; 51% pensavam que Oswald não agiu sozinho e outros 7% seque acreditavam que o ex-fuzileiro teria participado do crime.
Seria Lee Harvey Oswald apenas um “bode expiatório”, como ele mesmo disse? E se ele não tivesse participado mesmo do crime, quem poderia ser o responsável, ou responsáveis? Confira 5 teorias sobre a morte de John Fitzgerald Kennedy:
É praticamente impossível citar inimigos públicos de John F. Kennedy, e dos Estados Unidos, é claro, e não citar a rivalidade que o país construiu com a União Soviética após a Segunda Guerra Mundial.
No auge da Guerra Fria, Kennedy viveu um dos períodos mais tensos de sua gestão: a Crise dos Mísseis em Cuba, em outubro de 1962. Após conseguir impedir que os soviéticos instalassem uma base do país caribenho, o primeiro-ministro soviético Nikita Khrushchev teria ficado tão embaraçado com a derrota que teria ordenado o ataque contra Kennedy.
Outro ponto que sustenta essa ‘teoria’ é o fato de Lee Harvey Oswald possuir uma conexão clara com a URSS, afinal, o ex-fuzileiro naval se instalou por lá e visitou a nação por duas vezes com sua esposa russa Marina.
Porém, tanto a Comissão Warren quanto a Comissão da Câmara encontraram poucas evidências de uma suposta operação ordenada por Khrushchev. Em 2017, no entanto, como aponta matéria da Veja, arquivos do governo americano que se tornaram públicos mostravam que Oswald teria conversado com o agente da KGB Valery Vladimirovich Kostikov, que atuava no departamento “responsável por sabotagem e assassinatos”, meses antes da morte de Kennedy.
Como aponta a ABC News, a CIA chegou a ter contato com familiares do crime organizado para discutir uma possível conexão de mafiosos com o assassinato de JFK, afinal, a tentativa frustrada da Invasão à Baía dos Porcos, em abril de 1961, acabou com qualquer esperança de que o grupo criminoso voltasse à Ilha, o que enfureceu seus líderes.
Além disso, o crime organizado não gostava nenhum pouco da perseguição que sofria do procurador-geral Robert Kennedy, irmão mais novo de JFK, e esperava que, com o assassinato, a influência política do clã dos Kennedy pudesse diminuir.
Jack Ruby, dono de uma boate em Dallas e responsável pela morte de Lee Harvey Oswald, por sua vez, tinha claras conexões com a Máfia. No entanto, tampouco a Comissão Warren quanto o Comitê conseguiram ligar o grupo com o crime.
Agentes americanos já fizeram inúmeros planos para assassinar o presidente cubano Fidel Castro. No dia da morte de Kennedy, inclusive, a CIA tentou matar o revolucionário com uma caneta venenosa, como recorda matéria publicada pela equipe do site do Aventuras na História.
Um dos principais defensores dessa teoria, como aponta matéria do site português Público, foi o presidente Lyndon Johnson, que sucedeu Kennedy após o assassinato.
Kennedy estava tentando chegar em Castro, mas Castro o alcançou primeiro", disse Johnson à ABC News em 1968.
Ambas as comissões investigativas, porém, também rechaçaram essa vertente. Em 1977, Castro foi entrevistado por Bill Moyers e acabou sendo questionado sobre o assunto, que classificou como “loucura absoluta”.
Escanteado na gestão Kennedy, Lyndon Johnson já havia perdido toda sua influência e já não via mais nenhuma perspectiva em sua carreira política, inclusive no Texas, seu estado natal e onde foi Membro da Câmara dos Representantes, como apontam Bill O’Reilly e Martin Dugard em ‘Os Últimos Dias de John F. Kennedy’ (L&PM Editores).
A teoria ponta que Johnson foi motivado pela ambição, além de ter recebido a ajuda de membros da CIA e de magnatas que acreditariam que lucrariam mais sob seu governo, principalmente por Lyndon defender a continuidade das operações no Vietnã, como Oliver Stone mostra no aclamado ‘JFK: A pergunta que não quer calar’ (1991).
Além disso, como sugere outra versão dessa ideia, Johnson foi ajudado na trama por um funcionário da CIA em ascensão: George W. Bush, que tinha a ambição de se tornar presidente e, por acaso, estava em Dallas no dia do assassinato, conforme aponta a ABC.
A Agência Central de Inteligência é figura importante em quase todas as teorias que envolvem o assassinato de Kennedy por conspiradores americanos, sejam eles magnatas, mafiosos ou homens de poder.
Para muitos, a CIA poderia ser facilmente o bicho-papão desse conto, já que seus agentes são um segredo para a maioria dos americanos e, na década de 1960, a corporação tinha uma reputação por assassinar políticos de alto nível.
Assim, sugere-se que Lee Harvey Oswald poderia ser um agente da CIA e outros membros do Serviço de Inteligência adulteraram seu arquivo no FBI para fazer parecer como que ele era um comunista e lobo solitário. Em 1978, porém, um relatório do Comitê de Assassinatos da Câmara concluiu que não havia evidências de que Oswald "já tivera contato com a Agência".