Theodor Eicke foi responsável pela administração de Dachau e sua mente sádica deu origem à grande parte dos horrores nazistas
Ele era o caçula de 11 filhos de uma família pobre, comandada por um Chefe de Estação. Não gostou da escola e abandonou os estudos aos 17 anos. Ao lutar na Primeira Guerra, recebeu a Cruz de Ferro por bravura.
No fim do conflito, ingressou na polícia, inicialmente como informante e, logo, se tornou policial regular. Este é Theodor Eicke, figura pouco conhecida, mas insólita na História do Terceiro Reich.
Eicke se envolveu em diversos problemas políticos no entreguerras, por seu intenso ódio à República de Weimar, se tornando um policial e um ativista político conhecido pelas abordagens violentas. Basicamente, ele era um verdadeiro defensor da proposta nazista. Por isso ingressou no partido.
Dentro dessa instituição política, ele progrediu com destaque. Subia rapidamente de posições, principalmente por seu papel de recrutar novos membros, além de ter sido um dos principais responsáveis pelo fortalecimento da SS na Bavária. Em 1931, atingiu o cargo de coronel da instituição, nomeado por Heinrich Himmler.
Em 1932, foi preso em flagrante enquanto preparava uma bomba que seria usada contra adversários políticos bávaros, foi condenado a dois anos de reclusão. No entanto, fugiu para a Itália, com ajuda de seus privilegiados colegas de partido e só retornou à Alemanha no ano seguinte, com a ascensão de Hitler.
Logo entrou em um novo conflito, dessa vez com o pioneiro nazista Josef Bürckel e, por esse motivo, acabou passando dois meses num manicômio.
Eicke estaria de mãos atadas, se não fosse seu velho amigo de SS, Himmler. O comandante estava no meio de um plano encomendado pelo próprio Führer: não querendo uma simples prisão, ele o pediu uma nova forma de detenção em massa a noroeste de Munique. Assim nasceu o Campo de Concentração de Dachau.
Como consequência, ele foi libertado do manicômio e promovido na SS, sendo nomeado comandante do campo. E, comandando a nova base, ganhou destaque pela brutalidade e violência. Eicke era um “personagem áspero e instável”, que já “havia dado muitas dores de cabeça a Himmler”. É o que descreve o livro A Cabeça da Morte, de Andrew Mollo.
Mesmo assim, foi apoiado como compatriota diversas vezes. Ao pedir uma unidade permanente no campo, Himmler o concedeu a Guarda da SS. Durante o comando, Dachau se tornou espaço de ações bizarramente chocantes.
“Eu claramente me lembro da primeira flagelação que eu testemunhei. Eicke havia emitido ordens de que pelo menos uma empresa da unidade de guarda deveria participar da imposição dessas punições corporais. Dois prisioneiros que haviam roubado cigarros da cantina foram sentenciados a vinte e cinco chicotadas”, testemunhou Rudolf Höss, na época apenas guarda.
Ao ser promovido para major-general da SS recebeu a missão de elaborar um esquema a ser usado como modelo de campo para o resto da Alemanha.
Ele criou novas regras que exigiam disciplina rígida. Houve total obediência à ordem e os regulamentos de punição para os detidos tornaram-se ainda mais brutais. A brutalidade da gestão Eicke era famosa.
Foi dessa mente doentia e intolerante que nasceu o mais básico de desumano dos campos de concentração nazistas. O objetivo era claro: executar todos que não eram pró-nazismo.
Eicke se tornou referência para o treinamento dos comandantes dos campos, criando toda uma geração de lideres da SS impiedosos. Na sua mão, a pena de morte se tornou ato banal para qualquer contravenção e a rigidez de Dachau se tornou padrão pelo país.
O sádico esteve envolvido na Noite das Facas Longas. Naquela noite escura da história da Alemanha, ele matou o chefe da SA, Ernst Röhm. O medo de um golpe vindo da AS e de sua aproximação com as unidades de trabalho e de greve nos distritos industriais alemães fizeram com que o próprio Hitler comandasse sua prisão e sua sentença, realizada por Eicke.
Eicke só deixou Dachau após o início da Segunda Guerra, quando ingressou nos campos de batalha. Ele morreu em 26 de fevereiro de 1943, numa das Batalhas em Kharkov, contra os soviéticos, ao abaterem seu caça.
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