A noite de 28 de agosto de 2000 mudou a vida de Danny Stewart e Pete Mercurio para sempre: eles encontraram o filho que nunca tiveram
No dia 28 de agosto de 2000, Danny Stewart, então aos seus 34 anos, estava saindo do vagão do metrô que havia o trazido do trabalho para perto de sua casa, no distrito de Chelsea, em Manhattan. Eram mais ou menos oito horas da noite, e ele deveria chegar logo para jantar com o namorado, Pete Mercurio.
Embora o horário de pico do metrô já tivesse terminado, a pressa de Nova York persistia em todos os transeuntes, inclusive em Danny. Correndo para fora do trem, porém, ele percebeu algo diferente no chão da estação. Encostada na parede, estava uma figura pequena, que o assistente social logo pensou ser uma boneca.
"Eu olhei para trás mais uma vez, e foi quando percebi que suas pernas se moveram”, disse à BBC Internacional. Quando percebeu que se tratava de um bebê, Danny correu para o local onde ele estava. “Seu cordão umbilical ainda estava parcialmente intacto, então eu poderia dizer que ele era um recém-nascido”, contou.
Durante todo o momento, o americano só pensava em como uma situação daquelas estava acontecendo: um bebê abandonado no chão do metrô de NY.
"Ele olhou para cima e eu acariciei sua cabeça e ele choramingou um pouco. Parecia realmente irreal, toda a situação, e naquele ponto eu estava tentando alertar as pessoas sobre o que estava acontecendo, mas não consegui chamar a atenção de ninguém”, explicou.
Ninguém parou para ajudar o homem que tinha encontrado um recém-nascido. Ele decidiu que iria ligar para a polícia para relatar a situação e discou o 911 em um telefone público perto dali.
Depois, também ligou para Pete, que o aguardava em um apartamento perto dali. Para Danny, tudo pareceu demorar demais, mas não deve ter durado mais que minutos.
#proudboys for over 23 years. pic.twitter.com/O4skzqVPrF
— Pete Mercurio (@petemercurio) October 5, 2020
Quando as autoridades chegaram, o bebê foi levado até o hospital para que sua saúde pudesse ser checada. Além disso, os policiais também pediram que o responsável por encontrá-lo desse um depoimento sobre a situação.
Em pouco tempo, tanto Danny quanto Pete foram para casa. O namorado disse ao outro, que ainda estava chocado com a situação: “Sabe, você vai ficar conectado com aquele bebê de alguma forma pelo resto da vida”.
“Danny estava tipo, 'O que você quer dizer?' Eu disse: 'Bem, eventualmente, esta criança vai aprender sobre a noite em que foi encontrada e pode querer encontrar a pessoa que a descobriu. Talvez haja uma maneira de descobrirmos onde ela acabou e enviar um presente de aniversário todos os anos nesta data?”, relembrou Pete.
O casal pensava que a relação com o bebê ficaria restrita aos presentes de aniversário todos os anos. Mas, na verdade, aquele momento mudou suas vidas para sempre, embora eles só fossem descobrir isso mais ou menos três meses depois de Danny se deparar com o recém-nascido no metrô.
Eles voltaram a ter suas rotinas normais depois do acontecimento. O assistente social tentou, inclusive, obter informações sobre a criança no dia seguinte, o que foi em vão. Meses depois, ele foi chamado para uma audiência na vara de família para prestar depoimento.
A família do bebê não tinha sido encontrada, e a juíza do caso explicou a Danny que deveria colocá-lo em um orfanato pré-adotivo o mais rápido possível. "Na minha cabeça, estou pensando: 'Bem, isso faz sentido'. E então a próxima coisa que saiu de sua boca foi, 'Você estaria interessada em adotar este bebê?’”
@dlstew65 found a baby in a subway station on his way home from work. @petemercurio and Danny ended up adopting the baby together, and although neither of them had prepared for parenthood, they knew, "Where there is love, anything is possible." Click here:https://t.co/PgddRztDXvpic.twitter.com/WlmBWPiRFo
— If These Ovaries... (@ovariestalk) June 7, 2021
Ainda que estivesse surpreso com a proposta, ele respondeu: “Sim! Mas não acho que seja assim tão fácil”. A juíza foi certeira: “Mas pode ser”, disse, sorrindo. Depois de seis a nove meses, o bebê, que recebeu o nome de Kevin, estava junto a sua nova família.
"Eu não tinha pensado em adotar, mas ao mesmo tempo, não conseguia parar de pensar que me senti conectado, senti que isso nem era uma oportunidade, era um presente, e como posso você diz não a este presente”, contou o assistente social.
Duas décadas depois, Kevin, com 20 anos, estuda matemática e Ciência da Computação em uma universidade do país. A história rendeu também o livro Our Subway Baby, lançado no ano passado. Uma família foi formada da maneira mais inesperada possível, mas tinha que ser assim, como os pais afirmam.
"Assim como a paternidade era impensável para nós lá atrás, é ainda mais impensável hoje não sermos pais, tendo criado esse rapaz. Eu não sabia que esse nível profundo de amor existia até meu filho entrar na minha vida", conclui Peter.