Em nova temporada, a série "Monstros" retrata o infame caso dos irmãos condenados pela morte dos pais em 1989; confira relatos
Publicado em 19/09/2024, às 15h53 - Atualizado em 23/09/2024, às 09h38
Após os casos tenebrosos do assassino em série Jeffrey Dahmer, a antologia "Monstros", da Netflix, revive em sua segunda temporada o infame caso dos irmãos Menendez. Em 1989, a dupla Lyle e Erik Menendez chocou os Estados Unidos ao assassinar os próprios pais.
"Esta série sobre um crime real examina as vidas dos irmãos Menendez, condenados pelo assassinato brutal dos próprios pais", explica a sinopse da plataforma de streaming.
As vítimas do crime que abalou o país, eram José e Kitty Menendez. Enquanto assistiam televisão em sua residência, localizada em Beverly Hills, Los Angeles, eles foram abordados pelos filhos, que carregavam espingardas.
Eles, vale ressaltar, nunca negaram a autoria dos assassinatos. O que, de fato, gera debate até os dias atuais é a motivação para o ato brutal. A acusação alegava que os irmãos, que passaram a gastar o dinheiro dos pais sem freio, tinham o objetivo de herdar a fortuna.
Lyle e Erik, entretanto, afirmaram que sofreram abusos físicos e emocionais pelos pais. O filho mais velho alegou ter sido abusado por José e Kitty dos seis aos oito anos. Já o caçula afirmou que só conseguiu revelar ao irmão o que acontecia quando completou 18 anos. Isso, dias antes dos assassinatos chocantes.
Os dois lados da complexa história ainda são debatidos nos Estados Unidos. Em novembro de 1993, Brian Andersen, irmão da mãe dos Menendez, testemunhou sobre o abuso relatado.
Em depoimento, Brian apresentou uma visão contrastante da dinâmica familiar dos Menendez, em comparação com o retrato pintado por testemunhas de defesa. No julgamento, Lyle chegou a afirmar, explica a ABC, que tocou a mãe "em todos os lugares" quando dormia em sua cama.
Conforme repercutido pelo Los Angeles Times naquele ano, Andersen alegou que José e Kitty Menendez eram pais afetuosos, enquanto seus filhos, Lyle e Erik Menendez, se comportavam de maneira insolente e gastavam dinheiro de forma irresponsável.
Ele relembrou os torneios de tênis ocorridos no verão de 1989, pouco antes do assassinato do casal. Brian resgatou momentos de celebração quando Erik Menendez vencia, mas também mencionou o momento em que Erik reagiu de forma agressiva ao perder um jogo, mandando seu pai "calar a boca".
No entanto, durante o contra-interrogatório, quando confrontado sobre supostas provocações verbais do pai a Erik Menendez, Andersen afirmou não recordar tais palavras. Além disso, a defesa contestou a relevância das observações feitas, argumentando que ele passou pouco tempo com a família para formar uma opinião substancial.
Em uma audiência fora da presença dos jurados, Brian, explica a reportagem, revelou que José planejava confrontar Lyle sobre seus gastos desenfreados poucas semanas antes do crime. Ele citou um episódio onde o rapaz comprou uma filmadora cara com o cartão de crédito dos pais, que foi perdida por Erik durante uma viagem.
Já à ABC News, o irmão da vítima voltou a negar que ela teria abusado seus sobrinhos. “A ideia de que Erik e Lyle foram abusados pela minha irmã Kitty é uma loucura absoluta”, afirmou Andersen.
Por outro lado, Diane Vander Molen, prima dos Menendez, apoiou a versão contada por eles durante o julgamento. Conforme repercutido pela ABC News, ela viveu com a família durante as férias e disse que Lyle confidenciou os abusos em 1976, quando tinha apenas 8 anos.
"Uma noite, eu estava no meu quarto trocando os lençóis da minha cama, e Lyle entrou", disse Molen à ABC em 2017."Ele ficou muito sério sobre me perguntar se ele poderia dormir na outra cama ao lado da minha e disse que tinha medo de dormir na sua própria cama porque seu pai e ele estavam se tocando lá embaixo, indicando que era sua área genital".
Ela, que tinha 17 anos na ocasião, confrontou Kitty a respeito do que foi dito pelo primo.
"Pelo comportamento, eu podia dizer que ela não estava acreditando em nada disso", afirmou Vander Molen. "E [ela] desceu as escadas, e Lyle já tinha se deitado na cama ao lado da minha, e ela foi em frente e o puxou pelo braço e o levou de volta para cima e eu nunca mais ouvi nada sobre isso".
Além disso, Diane também relatou que Lyle "estava com medo de dormir em sua própria cama porque tinha medo de que seu pai entrasse e o molestasse naquela noite".
Ela não negou a versão dos fatos contada pelos jovens: "Eu sei que eles nunca, jamais teriam feito o que fizeram a menos que sentissem que não tinham escolha — que era eles ou seus pais", explicou. "Eu acredito muito nisso".
Quem também compartilha a mesma visão é Marta Cano, irmã de José. Em 2018, quando os irmãos se reencontraram na prisão, ela afirmou que Lyle e Erik não eram criminosos e que deveriam viver em liberdade. Cano também disse o seu irmão "Era uma pessoa doente. Ele tinha seus traumas".
"Eles merecem ser livres", disse Marta à ABC News. "Eles não são criminosos. Eles estavam em tanto choque e medo de suas próprias vidas que foi isso que aconteceu".
Ela também descartou a teoria de que os sobrinhos agiram a sangue-frio: "Como eu me sentiria se alguém tivesse abusado de mim a vida toda e, de repente, ele ficasse bravo na minha frente e viesse até mim? É um mecanismo de defesa que todos nós temos. Você nunca sabia o que faria".
Joan Vandermolen, irmã de Kitty, descreveu José como um homem 'intimidador'. "Você precisa prestar atenção aos seus filhos", explicou ela à NBC Los Angeles em 2017. "Minha irmã poderia ter protegido os filhos dela. Esse era o trabalho dela".
Todos os episódios de "Irmãos Menendez: Assassinos dos pais" podem ser assistidos no catálogo da plataforma de streaming Netflix.