Sucesso nos cinemas brasileiros, o filme Ainda Estou Aqui é baseado em livro que conta a dura história de Eunice Paiva na ditadura
O cineasta Walter Salles apresenta seu mais recente trabalho, "Ainda Estou Aqui", atualmente em exibição nos cinemas do Brasil.
Com Fernanda Torres, Selton Mello e Fernanda Montenegro, o filme, que recebeu aclamação internacional ao ser premiado no Festival de Veneza em 2024, leva os espectadores a uma história emocionante que se passa durante a ditadura militar.
Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, autor consagrado por "Feliz Ano Velho", o longa-metragem resgata a história de Eunice Paiva, mãe do escritor.
A trama acompanha Eunice durante o conturbado período político que culminou com a cassação e exílio de seu marido, o deputado Rubens Paiva, em 1964.
Posteriormente, em 1971, após a prisão, tortura e assassinato de Rubens por agentes da ditadura, Eunice enfrentou o desafio de criar seus cinco filhos sozinha.
"Eunice Paiva era uma pacificadora, uma democrática, uma agregadora, né, ela era uma mãe que foi jogada numa cela do DOI-CODI e ficou a 12 dias, sem tomar banho, usando a roupa do corpo, sem escovar os dentes, ao lado a filha, que ela não sabia que estava no corredor, e numa outra cela o marido sendo torturado e morto. Ela saiu com cinco crianças pra cuidar, se reconstruiu, se formou em direito e começou a lutar pela redemocratização e pelos direitos indígenas", explicou Rubens em entrevista à CBN.
Durante a entrevista, o escritor também elogiou a maneira como o filme reproduziu o passado, no Rio de Janeiro.
Era tudo igualzinho, né, a forma como eles conseguiram reconstruir o Rio de Janeiro dos anos 70 causa muito impacto você ver o Rio como era e até o clima que era", disse o filho de Eunice Paiva.
"Ainda Estou Aqui" não só revisita as memórias pessoais de Marcelo Rubens Paiva e sua relação com a mãe, como também traça um panorama dos anos sombrios do regime militar no Brasil.
Ademais, uma continuação da obra está programada para lançamento pela editora Companhia das Letras no próximo ano. Nesta nova publicação, Paiva pretende entrelaçar eventos políticos e familiares mais recentes.
Desde 2013, ele foi alvo do movimento Escola Sem Partido e enfrentou desafios sob o governo de Jair Bolsonaro.
Em declaração ao jornal Folha de S. Paulo, o autor expressou: "Vai ser sobre como a minha família sofreu durante o período do Bolsonaro, que era nosso inimigo pessoal e nós nem sabíamos disso. Ele cuspiu no busto do meu pai, disse mentiras sobre ele ter participação na luta armada".