Ele era um dos líderes da luta armada contra o domínio britânico realizada na Irlanda do Norte na segunda metade do século 20
Entre 1969 e 1997, a Irlanda do Norte viveu um acirrado conflito interno que gerou uma perda de cerca de 3.600 vidas. De um lado, havia o movimento unionista, que era constituído da maioria protestante da população — e queria continuar sendo um território da Grã-Bretanha.
Já do outro, havia uma minoria católica que defendia a independência em relação à Inglaterra, querendo integrar-se com a Irlanda (que também era católica). É neste segundo grupo que atuava o Exército Republicano Irlandês, também conhecido por sua sigla IRA, que tratava-se de uma organização paramilitar que se usava da luta armada para tentar pôr fim ao domínio britânico e iniciar uma unificação irlandesa.
Infelizmente para eles, esses objetivos falharam, o que pode constatar pelo fato do país, ainda hoje, ser parte do Reino Unido.
Uma das mais famosas vidas perdidas no conflito foi a de Bobby Sands, que era um dos líderes do IRA. Ele morreu fazendo uma greve de fome em uma penitenciária de Belfast, a capital da Irlanda do Norte, para onde foi enviado por conta das ações armadas e não raramente violentas realizadas pela organização.
Vale notar que sua morte foi um sacrifício deliberado: afinal, o militante nunca acreditou que sairia vivo de sua rebelião, e essa consciência fica clara em seus diários de prisão. Confira um trecho:
“Estou morrendo não apenas para parar a barbárie no Bloco H [que era a divisão da prisão para onde eram enviados os membros do IRA], ou para conseguir o legítimo reconhecimento de preso político, mas principalmente porque o que está perdido aqui está perdido para a República [da Irlanda do Norte]”, escreveu ele em seu primeiro dia de greve, segundo documentado pelo site “Bobby Sands Trust”.
Era então primeiro de março de 1981, faltando dezesseis anos para o cessar-fogo, e dezessete para o famoso Acordo de Belfast, que pôs um fim definitivo à violência entre os grupos pró-independência e pró-Inglaterra dentro do país.
Já a greve de fome do líder do IRA durou 66 dias antes que seu corpo não resistisse mais à medida extrema. Outros nove prisioneiros que seguiram seus passos morreram depois dele, e muitos outros confinados no Bloco H juntaram-se à revolta.
A morte de Sands acabou chamando atenção internacional, assim atraindo os olhos do mundo para o conflito que dividia a Irlanda do Norte. Esses holofotes não vieram de forma espontânea, todavia. Eles foram resultado, principalmente, de uma inteligente estratégia aplicada pelos partidos norte-irlandeses pró-independência, que elegeram o militante como deputado.
Para dar uma ideia do alcance da ação, esse desdobramento levou ao próprio Ronald Reagan, presidente dos Estados Unidos na época, a comentar que estava “profundamente preocupado” com a situação da greve de fome dos membros do IRA detidos. A informação foi relembrada pelo site português Público, em uma reportagem de 2015.
Ao fim, Margaret Thatcher, que estava à frente do governo britânico no período, precisou ceder à pressão internacional, assim, aceitando alguns dos requisitos dos militantes encarcerados que tornaram sua vida dentro da penitenciária um pouco melhor.
Apesar de ter cedido, contudo, deve-se observar que a Dama de Ferro não passou a concordar com os objetivos do grupo católico pró-independência:
“Um crime é um crime. Não tem nada de político, é um crime. Ele era um criminoso condenado. Escolheu tirar a própria vida. É uma escolha que a sua organização não deu a muitas das suas vítimas”, comentou certa vez, também segundo relembrado pelo Público, o que rebate diretamente frases anteriores dos presos membros do IRA.
Uma outra consequência desse reconhecimento de maior escala da causa da minoria católica pró-independência ajudou o grupo a recrutar mais pessoas.
Esse apoio, recém-conseguido, acabou concentrando-se em torno do Sinn Féin, que era um partido político que oferecia uma resistência pacífica à dominação britânica. Era, por assim dizer, a versão não violenta do IRA. Isso pois o ocorrido com Bobby havia sido um ótimo exemplo do alcance da luta política, como alternativa à luta armada.
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