No Dia da Consciência Negra, relembre figuras cruciais para a valorização da população negra nos mais diversos campos do conhecimento
Nesta quarta, 20 de novembro, comemoramos o Dia da Consciência Negra. Este é o primeiro ano em que a data é celebrada enquanto feriado nacional, conforme estabelecido pelo Executivo em dezembro de 2023.
O Dia da Consciência Negra é um importante marco na luta por direitos civis das pessoas negras. A data marca o dia da morte de Zumbi dos Palmares, líder quilombola que lutou pela libertação de escravizados no Brasil Colônia.
Pensando na importância da data, a redação de Aventuras na História selecionou 5 personalidades históricas negras que você precisa conhecer, para além de nomes famosos como Martin Luther King Jr. e Machado de Assis. Confira!
Dorothy Vaughan foi uma cientista e matemática norte-americana nascida em 20 de setembro de 1910. Ela é conhecida por ter sido a primeira supervisora negra da história da NASA.
Vaughan conquistou o bacharelado em Ciências pela Universidade de Wilberforce e foi professora de matemática do ensino médio antes de ingressar no National Advisory Committee of Aeronautics (NACA), órgão predecessor da agência espacial americana.
Dorothy foi um nome fundamental para os Estados Unidos durante a Corrida Espacial da Guerra Fria. Devido à alta demanda da NASA por funcionários nesse período, ela foi recrutada para chefiar o departamento dos chamados "computadores" (especialistas em cálculos e processamento de dados).
Com o sucesso das missões espaciais no Ocidente, Dorothy Vaughan se tornou uma importante voz na luta pela superação do preconceito racial e do segregacionismo norte-americano, práticas muito em alta no país à época.
Ela nos deixou 10 de novembro de 2008, aos 98 anos, e sua história é retratada no filme 'Estrelas Além do Tempo' (2016), atualmente disponível no Disney+.
Muitos atribuem a popularidade do rock a artistas lendários como Chuck Berry, Elvis Presley e os Beatles. Entretanto, há um nome crucial por trás desse sucesso que literalmente revolucionou o gênero: Sister Rosetta Tharpe, a mãe do rock and roll.
Rosetta Atkins Tharpe Morrison nasceu em 20 de março de 1915, no estado americano do Arkansas. Ela descobriu o talento musical já quando criança, ao acompanhar a mãe nos cultos da Igreja Pentecostal de Chicago, para onde se mudou com a família aos 6 anos.
Logo, ela aprendeu a cantar com facilidade, enquanto alternava entre instrumentos como a guitarra e o piano. Apesar do título de padroeira do rock, Rosetta começou sua carreira na música gospel em 1944, com o lançamento de seu primeiro single: "Strange Things Happening Every Day", que logo de cara atingiu o top 10 da Billboard.
Sister Rosetta Tharpe morreu em 9 de outubro de 1973, aos 58 anos, após sofrer um derrame; mas seu legado continua vivo na história da música contemporânea.
Peço licença aos fãs do 'Bituca' (que também merecia muito estar nessa lista), mas gostaria de falar sobre outro importante Milton da história brasileira, também conhecido como o pai da geografia nacional.
Milton Santos foi o responsável por definir padrões de estudo sobre os mais diversos aspectos geográficos do Brasil, o que o faz ser considerado o maior geógrafo do país.
Nascido na Bahia em 1926, Santos concluiu o bacharelado em Direito em 1948, na Universidade Federal do estado. 10 anos depois, em 1958, ele recebeu o título de Doutor em Geografia pela Universidade de Estrasburgo, na França.
Em 1964, após se exilar em resposta ao golpe militar que instaurou a ditadura brasileira, o geógrafo deu início a uma consolidada carreira internacional. Santos lecionou e encabeçou pesquisas nas mais diversas universidades do mundo, incluindo a Sorbonne, em Paris, o MIT, em Massachusetts, e a Columbia University, em Nova York.
Milton foi um estudioso assíduo da chamada 3ª Revolução Industrial, também conhecida como revolução técnico-científico-informacional, na segunda metade do século passado. É com base nos avanços sociais, dermográficos e econômicos desse período que ele propôs um novo modelo de divisão regional do Brasil.
Conhecido como "Os Quatro Brasis", o modelo proposto por Santos em 2001 continua a ser usado em análises geográficas ao redor do país, uma vez que se baseia na distribuição de renda para definir o cenário social brasileiro (dividido entre Região Amazônica, Nordeste, Centro-Oeste e Região Concentrada).
Milton Santos faleceu em 2001, aos 85 anos, vítima de um câncer de próstata. Seus estudos e contribuições para a geografia brasileira permanecem sendo referência na área, o que reflete o peso de seu legado.
Talvez não haja na história do Brasil uma escritora que foi capaz de registrar a realidade social do país tão brilhantemente quanto Maria Carolina de Jesus. E sim, essa é uma afirmação forte.
Nascida em 14 de março de 1914 na pequena cidade de Sacramento, Minas Gerais, Maria Carolina viveu grande parte de sua vida em meio à pobreza. Neta de avós escravizados, ela migrou parra várias cidades do interior de Minas e São Paulo antes de se estabelecer na capital paulista, em 1937, para trabalhar como empregada doméstica.
11 anos depois, em 1948, a escritora se mudou para a favela do Canindé, que seria o cenário de sua principal obra: 'Quarto de Despejo', publicado pela autora em 1960.
Considerado não só uma obra fundamental da literatura brasileira, mas também um verdadeiro manifesto social e político, o livro aborda a realidade dos moradores do Canindé a partir de um ponto de vista imersivo e intimista. A obra foi traduzida para 13 idiomas e vendida em mais de 40 países.
Maria Carolina de Jesus morreu em 13 de fevereiro de 1977, aos 62 anos, devido a complicações causadas pela asma.
Por fim, encerramos essa lista com Grande Otelo, um dos primeiros intérpretes negros do cinema brasileiro.
Sebastião Bernardes de Souza Prata nasceu em 1915 em Uberlândia, Minas Gerais. Começou sua carreira como ator trabalhando em cassinos e nos chamados 'Teatros de Revista', sendo o primeiro negro a entrar pela porta da frente do Cassino da Urca, no Rio de Janeiro.
O auge de sua carreira se deu entre os anos 1940 e 1950, com o sucesso da chanchada na cinematografia nacional. Assumindo o protagonismo de vários filmes, Otelo também se destacou como comediante, dançarino, cantor e produtor no cenário artístico brasileiro.
Grande Otelo nos deixou em 26 de novembro de 1993, aos 78 anos, após sofrer um ataque cardíaco.