Neste dia, em 1997, era anunciado o falecimento da princesa de Gales; para recordar sua atuação na família real, o Aventuras na História conversou com o professor de história, Elion Campos
Em 31 de agosto de 1997, um trágico acidente de carro dentro de um túnel rodoviário, em Paris, na França, tirou a vida de uma das personalidades mais famosas do século 20, Lady Diana Spencer.
Aos 36 anos de idade, Lady Di deixou seus dois filhos ainda adolescentes, William e Harry e uma multidão de admiradores ao redor do mundo, que mesmo 24 anos depois de sua morte, ainda lembram da princesa de Gales com muito carinho.
Ao entrar para a família real britânica, como esposa do primogênito da rainha e primeiro na linha de sucessão ao trono britânico, príncipe Charles, Diana causou uma espécie de revolução dentro da monarquia.
Em entrevista exclusiva para o Aventuras na História, o professor Elion Campos, doutorando em história social e professor nos cursos de História da faculdade Estácio de Sá, relembrou a trajetória e a influência da nobre ao longo dos anos.
Confira!
Quando Charles e Diana anunciaram o noivado, o mundo estava curioso para saber quem era aquela jovem garota loira de olhos azuis. A mulher rapidamente se tornou um fenômeno, sendo uma das mais marcantes figuras da história da monarquia britânica. Não à toa, foi apelidada de 'princesa do povo'.
A junção de seu carisma, espontaneidade e a vulnerabilidade em mostrar seu lado humano, ganhou o coração dos ingleses. De acordo com o historiador, quando entrou para a realeza, Diana chegou a rivalizar até mesmo com a popularidade da rainha.
“Esse impacto pode ser creditado a diversos fatores que vão desde sua beleza, seu charme, carisma pessoal, a propaganda sobre suas ações de caridade, mas também pelo que foi visto como uma suave insubordinação à liturgia da família real”, conta Elion.
“Diana ousou, em alguns momentos mais, outros menos, romper com essa construção de imagem e mostrar-se como um ser humano, dotado de virtudes, mas também de defeitos, imperfeições e dúvidas. Esse fato, somado ao carisma pessoal pode ter sido responsável por sua popularidade. De alguma forma, as pessoas que enxergavam a realeza como um mundo de perfeição e fantasias podem ter se identificado”, afirma o professor.
De acordo com o historiador, a postura mais espontânea de Lady Di, de certa forma, ajudou a modernizar os padrões da monarquia.
“Como sobrevivem de popularidade e aparência a monarquia precisa se adaptar a expectativas populares, do contrário não conseguiria exercer seu papel de construtora de unidade nacional. A atuação mais espontânea de Diana possivelmente indicou um caminho de maior popularidade, pela humanização dos membros da família real”.
Um dos pontos comentados sobre a influência de Lady Di, está relacionado a sua postura após a o término de seu casamento com o príncipe Charles em 1992 — oficializado em 1996.
O divórcio quebrou paradigmas de diversas formas, inicialmente, pelo fato de não ser bem aceito para os padrões anglicanos da realeza, mas, também pelos escândalos e traições que envolveram essa história. A princesa não se calou e mais uma vez se mostrou vulnerável, aumentando ainda mais sua popularidade.
De certa forma, isso foi prejudicial à monarquia britânica, mas, também ensinou uma lição para a Família Real.
“À época foi um abalo sensível na popularidade, com certeza. É paradoxal, que uma monarquia que tem raízes em um processo de divórcio (o de Henrique VIII) tenha problemas com algo já tão banal na sociedade [...] Mas, a aprovação da família real na década de 1980 chegou ao patamar de 70%, um número impressionante se você considerar que a monarquia é uma instituição cada vez mais anacrônica em todo o mundo”, pontua Elion.
“Então, o divórcio e mais ainda nas circunstâncias em que ele ocorreu [...] teve um impacto enorme no apoio popular. Diana era a responsável, senão por todo, por grande parte daquele incremento e perder a figura mais carismática da família foi impactante”.
Para o professor de História, o espaço aberto pela princesa de Gales após o divórcio fez com que a realeza aprendesse sobre o fortalecimento de sua imagem, com uma face mais humanizada.
O legado inesquecível de Lady Di continua vivo até os dias de hoje, mesmo quase 24 anos após sua trágica morte em um acidente de carro em Paris, no dia 31 de agosto do ano de 1997.
Hoje em dia, agir de maneira mais natural e aberta, sem medo de demonstrar defeitos, é algo mais aceito na família real, principalmente entre seus membros mais novos, essa abertura só pôde ser realizada graças à princesa do povo.
“Me parece que sua naturalidade e a aceitação a família real desse maior espaço para que seus membros agissem de forma mais desembaraçada, sabendo que isso não causaria abalos na sua popularidade”, finaliza o historiador.