Em 2003, Scott Peterson foi capturado e hoje está em prisão perpétua, acusado de assassinar a própria esposa, Laci, que estava grávida de 8 meses
Publicado em 19/08/2024, às 18h00 - Atualizado em 22/08/2024, às 07h30
Na última semana, os assinantes da Netflix vêm se interessando cada vez mais por um dos casos mais controversos dos Estados Unidos das últimas duas décadas, após o lançamento da nova minissérie documental 'Homicídio nos EUA: Laci Peterson'. Na produção, acompanhamos detalhes sobre a investigação do assassinato de Laci Peterson, ocorrido no fim de 2002 na Califórnia, nos Estados Unidos.
"Laci Peterson estava grávida de oito meses quando desapareceu, iniciando uma busca que terminou em tragédia. Esta série documental aborda o assassinato ocorrido em 2002", destaca a sinopse da minissérie, disponibilizada pela Netflix. Vale mencionar que a mulher estava grávida de 8 meses, daquele que seria Conner, primeiro filho do casal.
Após toda a repercussão recente sobre o caso — não apenas pelo lançamento na Netflix, mas também por outro documentário sobre o crime, 'Face to Face with Scott Peterson', que estreia no Peacock (um streaming indisponível no Brasil) —, Scott Peterson reforça em entrevistas recentes, mais de 20 anos após o crime, o que chama de sua "versão da história", alegando ser inocente das acusações.
Parte da razão para Scott insistir tanto em sua inocência está no fato de que, atualmente com 51 anos, ele está mantido preso na Prisão Estadual de Mule Creek em Ione, na Califórnia, sob pena de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.
Ele afirma que a investigação realizada pela polícia e promotores na época do crime ignoraram uma série de pistas significativas, e confiaram mais em evidências circunstâncias para condená-lo.
Lamento não ter testemunhado [no meu julgamento], mas se eu tiver a chance de mostrar às pessoas qual é a verdade, e se elas estiverem dispostas a aceitá-la, seria a maior coisa que eu poderia realizar agora — porque eu não matei minha família", afirma ele em entrevista para o documentário, conforme repercutido pela People.
Além disso, vale mencionar que, em janeiro, o Los Angeles Innocence Project, uma organização sem fins lucrativos que visa apoiar vítimas de "condenações injustas", assumiu o caso de Scott Peterson, buscando anular sua condenação e provar sua inocência. Confira detalhes sobre o caso.
+ Caso Laci Peterson: O que disse Scott Peterson 20 anos após o crime?
Conforme repercute a People, era pouco mais de 18h no dia 24 de dezembro de 2002, véspera de Natal, quando Scott Peterson telefonou ao Departamento de Polícia de Modesto, relatando o desaparecimento de sua esposa, Laci.
Ele disse que viu a companheira pela última vez naquela manhã, quando saiu para ir pescar na Baía de São Francisco, a mais de 140 quilômetros de distância.
"Eu via Laci sorrir quando ela arrumava o cabelo na manhã do dia 24, e a maneira como dividíamos uma tigela de cereal porque éramos preguiçosos demais para preparar duas tigelas", recorda ele na entrevista recente. "Só essas pequenas coisas ainda estão comigo".
No documentário, investigadores entrevistados atestam que não demorou para se concentrarem em Scott, pois, estatisticamente, é mais frequente que maridos, namorados ou parceiros íntimos sejam culpados de violência contra mulheres. Scott não demorou a levantar suspeitas, afinal, se comportou de maneira relaxada durante as investigações, e por se referir a Laci no passado, em sua primeira conversa com a polícia.
Porém, para Scott, o então detetive da polícia de Modesto, Allen Brocchini, "tomou uma decisão antes mesmo de chegar" no local da investigação. Por isso, os detetives questionaram a autenticidade de uma mensagem de voz carinhosa que Scott deixou para Laci enquanto dirigia de volta para Modesto — quando, segundo os investigadores, ele já teria matado Laci, e buscava estabelecer seu álibi.
Eles opinam que era uma mensagem muito doce para um casal", diz Scott Peterson. "Eles têm casamentos realmente tristes se pensam assim. Francamente, eu me sinto mal por eles".
Para piorar a situação de Scott, em 30 de dezembro de 2002, a investigação tomou um rumo ainda mais suspeito depois que os detetives descobriram que Scott estava em um relacionamento extraconjugal com Amber Frey, uma massagista de Fresco, também na Califórnia.
"É horrível", admite Scott. "Eu era um completo babaca por fazer sexo fora do nosso casamento". Porém, ele menciona que não revelou esse detalhe de primeira às autoridades, pois preferia que o foco se mantivesse em encontrar Laci.
Durante a chamada investigação, eu realmente fiz tudo que pude para trazer minha família para casa. Isso inclui manter minha traição com Frey longe das pessoas. Eu não contei às pessoas porque queria que a busca continuasse".
Em abril de 2003, após meses de investigação, os corpos decompostos de Laci e Conner foram encontrados na costa, a três quilômetros de onde Scott, segundo seus próprios relatos, havia pescado.
Logo, as autoridades se moveram para prender Scott, que foi encontrado pela polícia perto de um campo de golfe em La Jolla, na Califórnia. Para fazer dele ainda mais suspeito, carregava US$ 15 mil em dinheiro, um saco cheio de pílulas de Viagra, materiais de equipamento e quatro celulares. Segundo a polícia, ele estava a menos de 50 quilômetros da fronteira com o México, para onde fugiria.
"Eu não entendo isso de jeito nenhum", retruca Scott, por sua vez. Ele conta que estava apenas fazendo uma viagem para visitar a família em San Diego, e justifica o tingimento do cabelo como uma tentativa de evitar ser reconhecido e atacado verbalmente pelo público, na rua. "Só quero deixar claro — eu nunca estava fugindo da polícia".
Nos cinco meses que se seguiram à prisão, Scott Peterson foi julgado, até que, em novembro de 2004, os promotores concluíram que ele seria um homem que, arrependido de estar prestes a se tornar pai, cometeu um assassinato para se livrar do casamento e da obrigação de pagar pensão alimentícia para a cônjuge e o filho.
Isso é tão ofensivo e tão repugnante", opina. "Eu certamente me arrependo de ter traído Laci, absolutamente".
Porém, desde então, sua pena já foi reavaliada em várias ocasiões. Em certo momento, inclusive, ele foi sentenciado à morte; e agora, como já mencionado, ele cumpre prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.
Ainda assim, Scott Petersonnunca deixou de tentar comprovar sua inocência no tribunal e, segundo Shareen Anderson, diretora de 'Face to Face', ele está "otimista e confiante" de que eventualmente os esforços sejam bem-sucedidos.
Em um desenrolar mais recente do caso, no fim de maio, um juiz aprovou um pedido dos advogados de Scott para que fosse realizado um teste de DNA em uma fita adesiva encontrada presa ao corpo de Laci; porém, recusou os testes em outras 16 evidências.
