Os artefatos inestimáveis estavam guardados na Biblioteca da Universidade de Cambridge
O ano era 2001, e os funcionários da Biblioteca da Universidade de Cambridge estavam fazendo uma verificação de rotina nos muitos livros, mapas e outros artefatos únicos de sua coleção.
O procedimento ganhou uma reviravolta, todavia, quando eles se deram conta que algo muito valioso não estava em seu lugar de costume.
Depois de revirarem o local de cima a baixo, foram obrigados a admitir que pior havia acontecido: os cadernos pessoais de Charles Darwin, onde o biólogo havia escrito à mão sobre seus pensamentos e teses, haviam desaparecido.
Os documentos haviam sido retirados em setembro do ano anterior, de seu lugar reservado nas Salas Fortes de Coleções Especiais, para que fossem tiradas fotografias. Infelizmente, a abertura dessa brecha foi o que bastou para que as páginas icônicas fossem surrupiadas.
A Universidade de Cambridge buscou todo tipo de ajuda especializada para tentar recuperar o patrimônio cultural: consultou os conselhos de profissionais que trabalham resgatando esse tipo de artefato histórico, e acionou até mesmo a Interpol, que adicionou os cadernos de Darwin em seu Registro de Arte Perdida.
Os esforços, apesar de extensos, lamentavelmente foram infrutíferos. Assim, a instituição britânica decidiu lançar mão de um último recurso, e em 24 de novembro de 2020 (no chamado “Dia da Evolução”, em que o renomado naturalista publicou “A Origem das Espécies”) fez um apelo ao público, explicando toda a situação.
“Estamos apelando para que qualquer pessoa com qualquer conhecimento do paradeiro desses artefatos de valor inestimável entre em contato conosco. Eles são extremamente valiosos e importantes, tanto para a universidade, quanto para qualquer pessoa interessada na História da Ciência”, afirmou detetive sargento da polícia de Cambridge, Sharon Burrell, em uma nota publicada no site da universidade.
“Espero que a publicidade em torno de seu potencial roubo refresque a memória de alguém e leve à luz informações que resultem em seu retorno. Devido ao tempo decorrido desde o seu desaparecimento, as informações do público serão muito importantes para esta investigação”, completou ainda o profissional.
Embora seja difícil avaliar o quanto os cadernos de Darwin possam valer em termos de dinheiro, a instituição britânica ainda afirmou no mesmo texto que provavelmente essa quantia estaria na casa dos milhões de libras.
As páginas perdidas continham, entre outras coisas, um esboço da “Árvore da Vida” feito pelo biólogo em 1837. Também foi dentro desses cadernos que o pensador descreveu pela primeira vez sua ideia de que as espécies eram capazes de se “transmutar”, de forma que elas evoluíam de uma para outra forma ao longo do tempo - esse fato fez inclusive com que as obras ganhassem o apelido de “Cadernos de Transmutação”.
Embora as anotações e desenhos feitos pelo pesquisador tenham sido digitalizadas no passado, de forma que estão disponíveis ao público, os itens originais não deixam de ter seu valor para os estudiosos dos séculos futuros, além de serem um verdadeiro tesouro nacional para o Reino Unido.
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