Lutando na Intentona Comunista, na Guerra Civil Espanhola e na resistência contra o nazismo, Apolônio foi um dos maiores nomes do movimento internacionalista
Filho de um soldado sergipano e uma mãe gaúcha, Apolônio de Carvalho foi um militante comunista brasileiro que participou de inúmeras lutas ao redor do mundo. "Em fins de 1933, eu já era oficial, e achava que era necessário mudar a sociedade brasileira", disse em entrevista à revista Teoria e Debate, no ano de 1989.
Ele também serviu ao Exército brasileiro, sendo, aos 23 anos, já oficial de Artilharia a Cavalo, em Bagé, no Rio Grande do Sul. Em 1935, a Intentona Comunista, que tinha como principal líder, Luís Carlos Prestes, capitão do Exército Brasileiro, começava a ser arquitetada. Apolônio começou, então, a se engajar na organização comunista Aliança Nacional Libertadora (ANL), e por isso, em 1936, foi destituído e expulso do Exército.
Saindo da prisão, um ano depois, ingressou no Partido Comunista Brasileiro. Mas não permanece por muito tempo em território nacional: ele é chamado para participar, com outros 20 brasileiros, das Brigadas Internacionais, ao lado da República durante a Guerra Civil Espanhola, contra o ditador fascista Francisco Franco.
Com o fim do conflito em 1939, Apolônio juntou-se à Resistência Francesa para lutar, durante a Segunda Guerra Mundial, contra o Eixo e, principalmente, contra o nazismo de Hitler.
Retorna ao Brasil já no período em que a ditadura militar foi instaurada no país, vivendo clandestinamente e atuando, ainda que perseguido, pelo PCB em inúmeras regiões do país. Durante o regime, participando da resistência, foi preso e torturado em 1969. Um ano depois, guerrilheiros sequestraram o embaixador alemão no Brasil e pediram em troca a libertação de 39 presos, estando Apolônio entre eles.
Depois disso, foi exilado na Argélia e depois na França, voltando para seu país natal apenas com a anistia, em 1979. Em 1980, participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) e foi o afiliado número um da organização política. No entanto, posteriormente, teria discordâncias com o governo executado pelo ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, por isso, quando morreu em 2005 sua família não permitiu que colocassem uma bandeira do partido em seu caixão.
Sua trajetória inspirou o livro de Jorge Amado “Subterrâneos da liberdade”. Na obra, Apolinário participou dos três movimentos revolucionários que Apolônio esteve presente — a Intentona Comunista, Guerra Civil espanhola e a Resistência Francesa. O militante internacionalista foi chamado de “um herói de três pátrias”, pelo escritor baiano, demonstrando admiração pela luta e vida do militante internacionalista.
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