O programa de caráter eugênico mantido pelo governo dos Estados Unidos durou décadas
Uma pesquisa da Universidade de Utah, localizada nos Estados Unidos, investigou os registros do perturbador programa eugênico conduzido pelas autoridades do local durante o século 20.
O projeto governamental, que realizou a esterilização forçada de pelo menos 830 homens e mulheres entre os anos de 1925 e 1974, tinha como alvo cidadãos considerados "sexualmente criminosos, insanos, idiotas, imbecis, débeis mentais ou epilépticos". Na América como um todo, por outro lado, é importante destacar que a estimativa de vítimas chega a 60 mil.
O objetivo das intervenções coercitivas era impedir que essas pessoas tivessem filhos, seguindo a crença que seus descendentes também seriam "socialmente inadequados". A lei que autorizava essas esterilizações, portanto, era motivada por uma lógica eugenista de "limpeza social".
Infelizmente, esse posicionamento preconceituoso possuía grande popularidade no território norte-americano durante o início do século 20. Em um comunicado ao público repercutido pelo Eureka Alert, os pesquisadores da universidade explicaram a questão:
Ele [o movimento eugenista] misturou ideias pseudocientíficas sobre a existência de genes para características complexas como criminalidade e pobreza com preconceitos racistas e capacitistas sobre quais vidas valem a pena viver para fazer julgamentos sobre quem na sociedade era “apto” e digno de ter filhos e quem era “inadequado” e indigno. Ao todo, mais de 60.000 pessoas foram esterilizadas em toda a América como parte do esforço para moldar as populações humanas no ideal eugênico", diz o texto.
Por fim, a iniciativa científica apontou que existiriam pelo menos 54 indivíduos vitimados pela esterilização coercitiva ainda vivos no estado de Utah em 2023. A maioria desses passaram pela intervenção eugênica durante a juventude, com pelo menos um dos sobreviventes tendo sido esterilizado quando era apenas uma criança de 10 anos.