As descobertas do gênio do século 20 — que decifrou mensagens nazistas na Segunda Guerra — também serviram agora para outra função inusitada
Especialistas da Universidade de Sheffield, na Inglaterra, resgataram modelos matemáticos projetados por Alan Turing e, com eles, conseguiram explicar um comportamento curioso presente em aves Aegithalos caudatus. Os resultados foram publicados no jornal científico Journal of Animal Ecology.
Os pesquisadores queriam entender porque os pássaros se separavam em diferentes partes da paisagem durante o voo. Então, eles rastrearam o caminho dos animais em torno do Vale Rivelin, de Sheffield, identificando com a matemática os padrões que eram selecionados para sobrevoar determinado cenário da região.
"[Os Aegithalos caudatus]são muito pequenos para serem equipados com rastreadores GPS como animais maiores, então os pesquisadores seguem esses pequenos pássaros a pé, ouvindo o canto dos pássaros e os identificando com binóculos”, explicou em comunicado, Natasha Ellison, aluna que colaborou com o estudo.
Após os esforços dos especialistas e muitos cálculos, eles viram quais comportamentos estavam mais relacionados aos padrões escolhidos para os voos. Perceberam, por exemplo, que havia maior propensão das aves em evitar bandos maiores. E ainda, menor possibilidade dos pássaros evitarem locais nos quais eles teriam que interagir com parentes. Ou seja, os animais preferiam rejeitar bandos grandes do que seus familiares.
Antes, não se sabia porque as aves percorriam partes separadas da mesma área, apesar de haver comida suficiente para sustentar vários bandos. A resposta estava nesse comportamento, identificado pela matemática de Turing. O gênio decifrou códigos usados em mensagens nazistas na Segunda Guerra, mas, no fim das contas, também acabou sendo útil ao mundo animal.