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Matérias / Personagem

Proibição da 'terapia de conversão' no Reino Unido relembra a dura saga de Alan Turing

Nesta terça-feira, 11, a rainha Elizabeth II anunciou que o Reino Unido buscará medidas para banir a 'terapia de reorientação sexual'

Paola Churchill Publicado em 07/06/2020, às 08h00 - Atualizado em 11/05/2021, às 16h21

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Registro de Turing apresentado durante evento de 2019 - Getty Images
Registro de Turing apresentado durante evento de 2019 - Getty Images

A tarde desta terça-feira, 11, foi marcada por uma novidade instigante do Reino Unido. Aconteceu que a rainha Elizabeth II anunciou que a nação apresentará medidas para acabar com as insólitas 'terapias de conversão', medidas que buscam 'reverter' a homossexualidade nas pessoas.  

A novidade foi repassada pela monarca durante o discurso de abertura da nova sessão do Parlamento. Através da fala, a rainha há mais tempo no trono explicou que ‘serão apresentadas medidas para abordar as disparidades raciais e étnicas e banir a terapia de conversão’.

Contudo, vale lembrar que o discurso em questão é escrito pelo primeiro-ministro, neste caso Boris Johnson. ‘Na terapia de conversão gay, é absolutamente repulsivo e não tem lugar em uma sociedade civilizada’, havia relatado Johnson em junho do ano passado, conforme repercutido pelo ITV News.

A medida adotada pelo Reino Unido certamente nos faz lembrar da dura saga de Alan Turing, que apesar da grande contribuição durante a Segunda Guerra, acabou sendo brutalmente morto por ter a orientação sexual que era duramente perseguida na época.

O pai da computação

Alan Turing era considerado excêntrico por seus colegas de trabalho. Usava máscaras de gás na primavera, pois dizia que o pólen causava a ele uma forte reação alérgica; tomava chá sempre na mesma caneca e a escondia para que ninguém a roubasse. 

Meio magricelo e de poucos amigos, o homem é considerado o pai da computação, e sem a sua ajuda, o desfecho da Segunda Guerra Mundial teria sido completamente diferente.

Alan e sua equipe conseguiram decifrar os códigos usados em mensagens nazistas. Diante de sua árdua ajuda, os Aliados sabiam cada passo dado pelas tropas do Terceiro Reich, como onde encontrar os submarinos inimigos e até qual seria a reação alemã no Dia D.

Alan Turing durante a juventude/Crédito: Getty Images

No entanto, apesar de todo seu talento, prestígio e os serviços prestados não só para Inglaterra, mas para o mundo todo, o nome de Turing foi apagado da sociedade. O motivo? Ele era homossexual, orientação sexual considera crime na Grã-Bretanha até 1967.

No início dos anos 1950, o Turing foi flagrado tendo relações íntimas com outro homem, o que era considerado um crime gravíssimo na época. Foram dadas duas opções a ele: prisão ou castração química.

Alan foi punido por seu gay. Além de ser humilhado publicamente, o gênio da computação viu todo seu trabalho e computadores sendo levados embora. Mas o pior ainda estava por vir: além da melancolia, ele também passaria por uma castração química, recebendo hormônios femininos como forma de punição.

Réplica da bomba de Turing, exposta no Museu Nacional da Computação, em Bletchley Park / Crédito: Wikimedia Commons

Aquele foi o fim para o gênio. Tudo que ele mais amava foi tirado de sua vida. Por medo da reação pública, as pessoas ignoravam sua presença em todos os lugares. O trabalho, que tanto amava, também deixou de exisitir. A solidão também passou a tomar conta do gênio.

Tragédia anunciada

Os hormônios que eram injetados em Turing resultavam em diversas reações, além de não conseguir mais nenhum emprego, pois, como era um criminoso fichado, Turing não podia mais trabalhar em projetos do governo.

Com um estado avançado de depressão e com a saúde debilitada, o homem achava que só seria livre quando estivesse morto. Então, decidiu que tiraria a própria vida. No dia 7 de junho de 1954, Alan se suicidou aos 41 anos, ao ingerir uma maçã envenenada com cianeto.

Durante muito tempo, o nome de Turing foi apagado da história, poucos sabiam da importância do homem para o fim da Segunda Guerra Mundial, e também para os avanços tecnológicos.

Até que em 2011, uma petição começou a rodar na internet pedindo para o governo britânico conceder o perdão a Turing. A petição foi assinada por mais de 34 mil pessoas.

O perdão foi concedido sob a Real Prerrogativa do Perdão, após uma solicitação do ministro da Justiça do Reino Unido, Chris Grayling. "Alan Turing foi um homem excepcional com uma mente brilhante" afirmou o ministro da justiça da época.

A saga do “pai da computação” foi reproduzida num filme estrelado por Benedict Cumberbatch, que foi indicado ao Oscar de melhor ator, chamado O jogo da Imitação (The Imitation Game).


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