Descobertas no Templo de Karnak, no Egito, acervo de joias conta com estatueta de ouro representando família de deuses da Tríade Tebana
Publicado em 06/03/2025, às 12h50
Arqueólogos descobriram recentemente no Templo de Karnak, um complexo próximo a Luxor, antiga Tebas, no Egito, um pote de 2.600 anos que impressionou por seu conteúdo. Ele estava cheio de joias de ouro, entre elas inclusive uma estatueta rara, que representa uma família de deuses e, possivelmente, serviu como amuleto.
O templo, conforme repercute o Live Science, foi construído há cerca de 4 mil anos, e foi continuamente expandido, renovado e modificado com o tempo. Ali, diversas divindades eram adoradas, incluindo Amon, deus chefe de Tebas. Sobre a descoberta, o Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito descreve em declaração que ela inclui contas, amuletos e estatuetas, muitas inclusive feitas de ouro.
Elas "foram descobertos no setor noroeste do complexo do Templo de Karnak", conforme explica o arqueólogo e colíder da equipe de escavação, Abdelghaffar Wagdy, ao Live Science. "Suspeita-se que esta área tenha abrigado instalações administrativas e de armazenamento".
Entre os achados mais notáveis, está uma estatueta de ouro representando um trio de divindades: Amun, Khonsu e Mut, uma em pé ao lado da outra. Esses deuses, vale mencionar, eram uma família, sendo respectivamente o deus chefe de Tebas, sua esposa e deusa-mãe de Tebas, e um deus da lua. Outras representações dos três juntos já foram descobertas anteriormente, e essa estatueta pode ter sido usada no pescoço, segundo Wagdy.
A representação da Tríade Tebana no amuleto provavelmente simboliza a devoção à família divina de Amon, Mut e Khonsu", explica o arqueólogo ao Live Science.
Além da estatueta, alguns dos amuletos encontrados chamam atenção pelo formato de olho, sugerindo que são amuletos wadjet, que "para os egípcios, conferem poder de cura e simbolizam o renascimento", explica o egiptólogo Shelby Justl ao Live Science. "Um amuleto com esse formato era pensado para proteger seu portador e transferir o poder de regeneração para ele ou ela".
Até agora, os estudiosos ainda não determinaram o porquê de as joias serem enterradas em um pote. Wagdy acredita que elas podem ter sido oferendas votivas dadas às divindades em algum ritual, ou até mesmo doadas ao tesouro do tempo. Também há a hipótese de elas terem sido enterradas para proteção, em algum período de agitação política na área.
"É raro encontrar tantos itens de ouro lindamente trabalhados juntos e em um local associado aos vivos e não a um túmulo", pontua Justl, que ainda observa a possibilidade de as joias terem sido fabricadas em oficinas próximas, e seladas no pote para evitar que fossem roubadas.
Ainda ao Live Science, um historiador de joias chamado Jack Ogden, que conduziu uma extensa pesquisa sobre joias egípcias, mas não fez parte das escavações, observou que aparentemente as peças descobertas recentemente foram projetadas para sepultamento, e não para uso diário, visto que "o trabalho em ouro parece ser bastante frágil pelas fotos".
Vale mencionar que a área próxima ao Templo de Karnak possui muitas tumbas, sendo possível que um antigo ladrão de túmulos tenha roubado as joias, mas escondido inesperadamente. "Uma explicação é que era um antigo saque de um ladrão de tumbas escondido por segurança, mas nunca recuperado", opina, por fim.