O “300 do Brasil” tem o objetivo de criar um governo paralelo no país e divulga táticas de guerrilha para “tomar o poder para o povo”
Grupos de extrema-direita, que continuam apoiando o presidente Jair Bolsonaro, vêm ganhando atenção no cenário nacional. No último mês, eles organizaram diversas manifestações em favor do governo federal, mesmo em meio à epidemia do novo coronavírus, que exige isolamento social e proíbe aglomerações.
O “300 do Brasil” é uma das organizações que está captando cada vez mais membros. Com inspiração antidemocrática, é liderado pela militante Sara Winter, ex-integrante do grupo ucraniano feminista Femen. Ela começou a recrutar membros no mês passado em um grupo no aplicativo Telegram, que conta, hoje, com 3,2 mil participantes
“Junte-se a nós. Seja parte do exército que vai exterminar a esquerda e a corrupção”, afirma uma das mensagens oficiais enviadas no aplicativo. Desde 27 de abril, o grupo divulga táticas de guerrilha, “com especialistas em revolução não violenta” para “tomar o poder para o povo”.
Essas estratégias fazem referência aos 198 métodos de ação não violenta promovidos por Olavo de Carvalho, ideólogo de direita e guru do governo Bolsonaro e seus filhos. Os objetivos seriam “recuperar a soberania nacional e buscar a independência econômica da China” e “combater o totalitarismo da esquerda e os mecanismos de corrupção da classe política tradicional”, incluindo a pretensão da criação de um governo paralelo.
Além dos métodos de combate, o grupo promove debates sobre “táticas de guerra de informação, palestras sobre a atual situação política, econômica e social do Brasil”, confecção de pôsteres e panfletos e a formulação de manifestos.
Os apoiadores do governo foram impedidos de montar barracas na Esplanada dos Ministérios pela PF-DF, mas alguns deles ainda permanecem no local em barracas de dormir, incluindo a líder Winter. Eles também se reúnem em uma chácara no Distrito Federal, que não teve seu endereço divulgado.
Os ativistas de extrema-direita afirmam que apenas deixaram a ocupação “quando Rodrigo Maia [o presidente da Câmara] cair”. Na semana passada, alguns adeptos do presidente Bolsonaro agrediram jornalistas que cobriam uma das manifestações organizadas por eles, o que está sendo investigado pela Procuradoria-Geral da República.