Mudança de discurso ocorreu após presidente afirmar que "não queremos negociar nada!". Fala foi alvo de controversas
Um dia após participar de ato em Brasília em favor de uma intervenção militar, sugerindo possíveis golpes contra o Congresso Nacional, Jair Bolsonaro respondeu à imprensa que defende um "Supremo aberto e transparente. Congresso aberto e transparente. Nós, o povo, estamos no governo".
A fala ocorreu quando o militar saía do Palácio da Alvorada na manhã de hoje, 20. Na ocasião, chamou as acusações de autoritarismo de “provocações baixas e rasteira” por parte da imprensa. “No que depender do presidente, democracia e liberdade acima de tudo”, garantiu.
Na manifestação de ontem, em que Bolsonaro discursou, houve pedidos do retorno do AI-5, o fechamento do Supremo Tribunal Federal e falas anti-Parlamento. "Não queremos negociar nada", disse.
Entretanto, um dia depois, ele mudou o tom: "Não falei nada contra qualquer outro poder. Muito pelo contrário. Queremos voltar ao trabalho”, disse. Segundo o presidente, as represálias a sua fala são tentativas de “incendiar uma nação que ainda está dentro da normalidade". Para Bolsonaro, a manifestação foi apenas uma celebração do Dia do Exército.
Contradizendo seu discurso, Bolsonaro se irritou com manifestantes em favor do fechamento do STF que se pronunciavam durante a coletiva: "Aqui não tem fechar nada. Dá licença aí. Aqui é democracia. Aqui é respeito à Constituição brasileira. E aqui é a minha casa e a tua casa. Então eu peço, por favor, que não se fale isso aqui”. Ele ainda firmou que está em defesa da democracia e da liberdade, acima de tudo.
A participação do presidente na manifestação do domingo, 19, gerou indignação em diversas classes. Sua fala foi repudiada publicamente pelos ministros do STF Marco Aurélio Mello e Luís Roberto Barroso, pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e pelos governadores João Dória (PSDB), Flávio Dino (PCdoB), Camilo Santana (PT) e Wilson Witzel (PSC). Atitude também foi repudiada por diversos deputados do Congresso, como Marcelo Freixo (PSOL), Randolfe Rodrigues (REDE) e Tabata Amaral (PDT).