Saiba o que dizem os estudiosos sobre a gravura descoberta há quase 60 anos
No ano de 1964, um grupo de arqueólogos encontrou na necrópole do Saqqara, no Egito, uma gravura que se tornou alvo de polêmicas e objeto de inúmeros debates ao longo dos anos.
O registro mostra a incomum cena de dois homens se abraçando e com as mãos entrelaçadas, motivo pelo qual diferentes pesquisadores passaram a se questionar sobre que tipo de relação eles teriam.
Os homens foram identificados comoKhnumhotep e Niankhkhnum, duas personalidades que não pertenciam à nobreza, mas desempenharam funções importantes na corte do faraó Niusserré, no final do século XXV a.C.
Segundo a fonte, alguns especialistas consideram a possibilidade da gravura representar um casal homossexual, o primeiro registrado na história, uma vez que as pessoas retratadas realizam as mesmas poses nas quais os casais heterossexuais eram comumente representados no Antigo Egito.
"Eles estão muito próximos aqui, não estão apenas face a face e nariz contra nariz, mas estão tão próximos que os nós de seus cintos estão se tocando, ligando seus troncos. Se esta cena fosse composta por um casal de homem e mulher em vez de um casal de mesmo sexo, haveria pouca dúvida em relação ao que estamos vendo", disse o pesquisador independente Greg Reeder, conforme o The New York Times.
Entretanto, outros estudiosos acreditam que o túmulo pertencia a dois irmãos, possivelmente gêmeos, que teriam sido muito ligados em vida ao ponto de decidirem permanecer juntos mesmo após a morte. Esse grupo de pesquisadores argumenta que há outras representações da dupla com suas esposas e filhos.
Por fim, há ainda uma terceira tese, apresentada por David O'Connor, professor de arte egípcia no Instituto de Belas Artes Universidade de Nova York.
Ele considera a possibilidade da cena retratar irmãos siameses, o que explicaria o fato deles estarem de mãos dadas e abraçados na tumba. Não há, até o momento, um consenso entre os egiptólogos sobre o verdadeiro significado da gravura.
"Minha sugestão é que Niankhkhnum e Khnumhotep eram de fato gêmeos, mas de um tipo muito especial. Eles eram gêmeos siameses, e foi essa peculiaridade física que motivou as muitas representações deles de mãos dadas ou abraçados em sua tumba", disse ele, conforme registrado pelo NYT em 2005.