Mergulhando no cardápio gorduroso da companhia, o documentário Super Size Me apresentou os ricos do requisitado fast food em experimento de Morgan Spurlock
Morgan Spurlock é um cineasta independente estadunidense que, em 2004, assumiu uma missão para expor os malefícios da comida industrializada do mercado. Basicamente, o cineasta optou por passar 30 dias seguidos fazendo todas as suas refeições no McDonald’s e filmar os resultados desse hábito.
Spurlock morreu na última quinta-feira, 24, após complicações de um câncer, conforme divulgado por seus familiares.
"Foi um dia triste, quando nos despedimos do meu irmão Morgan. Morgan deu muito através de sua arte, ideias e generosidade. Hoje o mundo perdeu um verdadeiro gênio criativo e um homem especial. Estou muito orgulhoso de ter trabalhado junto com ele", alegou Chris Spurlock, irmão de Morgan, a revista Variety.
O principal impulsionador desse experimento foi o choque causado pelo crescente aumento dos índices de obesidade divulgado nos Estados Unidos. Chegando ao caráter epidêmico, esse problema foi facilmente comparável aos malefícios do tabaco, mas está longe de ser tratado da mesma maneira que se aborda o segundo produto: em nome do dos fast foods, ignora-se seu cunho viciante e prejudicial.
Spurlock comeu em restaurantes da franquia três vezes por dia, ou seja, foram 90 refeições que passaram por todo o cardápio do McDonald’s. Como consequência, ele consumia mais do dobro de quilocalorias de uma alimentação saudável.
O resultado não poderia ser outro: ele ganhou 11,1 kg, passou a sofrer com o colesterol alto, disfunção sexual, mudanças de humor, fadiga e mal-estar, acúmulo de gordura no fígado e a constante vontade de vomitar. Depois, ele demoraria 14 meses para retomar o peso anterior ao experimento.
A obra cinematográfica também revelou uma curiosidade bizarra. Durante as gravações, Morgan conversou com crianças que frequentavam as franquias do fast food. Ao mostrar fotografias de figuras importantes, incluindo Jesus Cristo, nenhum dos jovens foi capaz de identificar os nomes. Entretanto, ao apresentar uma imagem de Ronald McDonald, o símbolo máximo da companhia, todos os pequenos acertaram de primeira.
O documentário Super Size Me foi bem recebido pelo público, além de ser indicado ao Oscar de Melhor Documentário. O Writers Guild of America consagrou a obra com o prêmio de Melhor Roteiro Documentário e o filme ganhou grande repercussão, a ponto de ser lançada, em 2017, uma sequência sobre as mudanças na propaganda das companhias que oferecem comida rápida desde sua denúncia.
O conceito final desse documentário, chamado Super Size Me, é a prova do mal-estar físico e psicológico que essa comida de baixa qualidade, mas vendida como essencialmente positiva, pode fazer no nosso corpo. Com isso, se faz uma denúncia à indústria do fast food e à sua negligência em quanto à saúde alheia em nome do lucro.