Lyle e Erik Menendez estão condenados à prisão perpétua após assassinarem a sangue-frio os pais Jose e Kitty, em agosto de 1989
Publicado em 27/08/2024, às 19h00
Recentemente, a Netflix anunciou o lançamento de uma nova série sobre o assassinato de Jose e Kitty Menendez pelos próprios filhos, Lyle e Erik: 'Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais'.
Criada por Ryan Murphy e Ian Brennan, a nova produção, que mistura fato e ficção, fará parte da antologia 'Monstros', que começou em 2022 com 'Dahmer: Um Canibal Americano'.
Desde a época em que o crime ocorreu, na residência da família Menendez em Beverly Hills, na Califórnia, o caso chamou atenção de toda a mídia americana. Afinal, Lyle e Erik — que tinham 21 e 18 anos quando assassinaram os pais — cometeram o crime a sangue-frio.
No início, eles alegaram às autoridades que saíram juntos para assistir a um filme, e quando retornaram se depararam com os pais mortos dentro de casa. Porém, não demorou até que a suspeita do crime caísse sobre eles — até porque, no tempo que se seguiu, foi notado que os irmãos estavam gastando a fortuna da família.
Para a justiça, acabaram assumindo que cometeram o crime, mas alegaram que o fizeram por legítima defesa. Segundo Lyle e Erik, eles eram abusados física, emocional e sexualmente por Jose, enquanto a mãe, Kitty, colaborava ao negar os atos.
No entanto, os promotores não aceitaram essa versão e, acusando a dupla de assassinar os pais por interesse na fortuna da família, condenaram-nos à prisão perpétua e sem possibilidade de liberdade condicional. Lyle e Erik seguem presos, com 56 e 53 anos, respectivamente.
Embora Erik e Lyle tenham assumido responsabilidade no assassinato dos pais, eles tentam alterar de maneira oficial a intenção por trás do crime. Recentemente, foi descoberta uma carta enviada por Erik a um de seus primos, Andy Cano, que ele escreveu meses antes do crime, onde descreveu os supostos abusos sexuais que sofria pelas mãos de seu pai.
"As novas evidências não apenas mostram que Jose Menendez era um homem muito violento e brutal que abusava sexualmente de crianças, mas também sugerem fortemente que — na verdade — ele abusava de Erik Menendez até 1988", informou o novo processo, segundo o The Los Angeles Times.
Em vez disso, o crime foi homicídio culposo, não assassinato. Os assassinatos ocorreram em legítima defesa imperfeita, após uma vida inteira de abuso físico e sexual de seus pais", acrescenta o processo.
"Se você olhar a carta, não é só sobre o que Jose tem feito. É sobre todo tipo de outras coisas... era só uma das muitas cartas que eles escreveram um para o outro. Realmente não deveria haver nenhuma dúvida sobre a autenticidade da carta", disse Cliff Gardner, um dos advogados dos irmãos, segundo o veículo internacional.
Ele diz: 'Eu tenho tentado evitar o papai. Isso ainda está acontecendo, Andy, mas está pior para mim agora. Toda noite eu fico acordado pensando que ele pode entrar. Eu tenho medo... Ele é louco. Ele me avisou uma centena de vezes sobre contar a alguém, especialmente a Lyle", continua Gardner. "Ninguém sabia sobre isso no julgamento. Nunca foi apresentado".
Andy Cano chegou a testemunhar anteriormente, nos julgamentos de Erik e Lyle, e disse que o primo revelou, aos 13 anos, que seu pai o abusava. No entanto, os promotores não aceitaram o relato.
Também surgiram outras revelações acerca de Jose Menendez, incluindo uma acusação de um homem chamado Roy Rossello, que também alegou ter sido abusado sexualmente por ele durante sua adolescência, quando era membro da boy band Menudo, que fez grande sucesso nas décadas de 1970 e 1980.
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Como resultado, os irmãos Lyle e Erik esperam conseguir, ao menos, a comprovação de que o crime que cometeram não foi motivado por interesse na fortuna familiar, mas sim num ato desesperado de legítima defesa.
"Abuso sexual, abuso físico é relevante para seu estado de espírito. E o estado de espírito é a chave para determinar se algo é assassinato ou homicídio culposo", afirmou Gardner, à CBS News. "Minha esperança no caso é que o juiz perceba que essas novas evidências são de fato confiáveis e persuasivas, e ele anule as condenações".
Caso isso, de fato, ocorra, o Gabinete do Promotor Público do Condado de Los Angeles poderia decidir se o caso poderia ou não ser reavaliado. Em declaração, o Gabinete informou que vem investigando as alegações feitas na petição de habeas corpus.
Agora, enquanto aguardam a nova decisão do juiz, Lyle e Erik Menendez — que estão na mesma prisão desde 2018 — seguem focados na reabilitação e nos estudos. Ao longo dos anos detidos, ambos apresentaram bom comportamento. Lyle até mesmo participou de grupos de apoio a vítimas de abuso.
